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São Paulo - Claude Lévi-Strauss é, entre os grandes intelectuais do século 20, talvez um dos nomes mais conhecidos no Brasil, mesmo por pessoas que nunca chegaram a ler um parágrafo que tenha sido escrito pelo "pai do estruturalismo".

Além de nome familiar, quase todo brasileiro que tenha terminado algum curso universitário sabe que o antropólogo participou do grupo de professores franceses que ajudou a criar, nos anos 30, a Universidade de São Paulo, símbolo de certa modernidade brasileira e ainda hoje a melhor instituição de ensino e pesquisa no país.

Esse Brasil com que tanto aprendeu Lévi-Strauss é constituído justamente pelos brasileiros que, ao longo de todo o século 20, o país teimou em esconjurar, em negar – o Brasil das dezenas de grupos indígenas que não desapareceram e que, pesquisas de­­mográficas recentes demostram, voltou a crescer e está aí para ficar.

Enquanto Lévi-Strauss utilizava as preciosas lições que aprendera com grupos indígenas do cerrado e da Amazônia brasileira (sobre outros modos de relacionar natureza e cultura) para criar um dos pensamentos mais in­­fluentes da segunda metade do século 20, a maioria dos brasileiros olhava para os "mestres" do antropólogo – os indígenas – co­­mo um símbolo de atraso a ser superado ou esquecido.

Ao mesmo tempo em que valorizava um Brasil de que os próprios brasileiros se envergonhavam – Lévi-Strauss pode ser descrito como "carinhoso" ao fa­­lar de povos como os nam­­bi­­qua­­ras e os bororos –, o an­­tropólogo foi duro, em alguns momentos implacável, ao apresentar suas impressões sobre a sociedade brasileira urbana, en­­volta em sua permanente disputa por status.

Contudo, a obra de Lévi-Strauss influenciou a academia brasileira e formou alguns dos seus principais pensadores, como Manuela Carneiro da Cunha e Eduardo Vi­­veiros de Castro, reconhecidos hoje entre os principais cientistas sociais em atividade no mundo.

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