Dois acadêmicos de nacionalidade americano-iraniana, detidos desde o mês de maio no Irã, "revelaram" ligações com os Estados Unidos para promover a democracia no Oriente Médio, segundo um polêmico programa transmitido hoje pela televisão de Teerã.
Haleh Esfandiari e Kian Tajbajsh foram acusados de atentar contra a segurança nacional iraniana e o programa chamado "Em nome da Democracia" divulgou suas primeiras declarações desde que foram detidos.
"O objetivo (dos Estados Unidos) é fazer mudanças, a partir do próprio interior, nos organismos de decisão no Irã a fim de modificar os pontos de vista dos responsáveis pelas decisões", afirmou a senhora Esfandiari no programa.
Ela é encarregada dos assuntos relativos ao Oriente Médio do Centro Woodrow Wilson International, com sede em Washington. Foi detida no Irã durante uma visita à mãe doente, de 93 anos.
Esfandiari declarou que tinha um papel central na organização de conferências universitárias nos Estados Unidos para as quais convidava personalidades da República Islâmica do Irã.
A idéia principal, explicou, era a de colocar lado a lado pensadores iranianos e políticos ocidentais a fim de criar uma "rede" internacional.
"Um dos meus papéis era identificar os que se mostravam a favor da democracia" acrescentou.
"O fato de o governo americano dar dinheiro à Fundação Soros reflete o fato de que os Estados Unidos compartilham com esta organização os mesmos pontos de vista em relação ao Irã", explicou por sua vez Tajbakhsh.
"Era consultor da Soros para as relações políticas e sociais do Irã", acrescentou o especialista em arquitetura urbana.
A Fundação Soros é acusada pelas autoridades iranianas de querer derrubar o regime islâmico suavemente.
Os dois acadêmicos apareceram pela primeria vez em público, desde sua detenção.
A Casa Branca havia reagido antes, classificando de "ridículas" as acusações de Teerã.
Estes acadêmicos "não participaram de maneira alguma do conflito entre os governos iraniano e americano. É simplesmente ridículo achar que podem representar uma ameaça para o regime" de Teerã, disse o porta-voz da Casa Branca Tony Snow.
"São pessoas que chegaram de maneira pacífica ao Irã", afirmou Snow.
A televisão estatal iraniana já havia divulgado fragmentos das "confissões" de Haleh Esfandiari e Kian Tajbakhsh, detidos desde maio na prisão de Evin, em Teerã, por ações contra a segurança nacional.
Além de Esfandiari e Tajbakhsh, outro americano-iraniano, um empresário chamado Ali Shakeri, está detido no Irã pelos mesmos motivos.
Uma quarta pessoa, a jornalista Parnaz Azime, que trabalha para a Rádio Farda, que transmite programas em persa e é financiada pelos Estados Unidos, também está detida na República Islâmica.
O Irã nega-se a reconhecer suas duplas nacionalidades e afirma que estes casos são assuntos internos que não competem a países estrangeiros.