A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump ignoraram a cordialidade nesta segunda-feira (26) e partiram para o bate-boca no primeiro debate para a Casa Branca, realizado na Universidade Hofstra, na região de Nova York. Desde o início, os dois principais candidatos à presidência dos Estados Unidos partiram para o ataque frontal, com constantes interrupções e acusações cruzadas, ignorando por completo os esforços do moderador, o jornalista Lester Holt.
Usando de ironia, Hillary deixava frases soltas para tirar Trump do sério — e ele parece ter caído na armadilha no começo do debate, interrompendo a concorrente, às vezes com um tom exaltado, mais de 40 vezes em menos de uma hora. Hillary tentava mostrar-se mais preparada para assumir o país, enquanto Trump tentava colar na democrata a rejeição que os americanos têm sobre os políticos em geral. Em pesquisa da CNN logo após o final, 62% dos entrevistados deram vitória a Hillary, enquanto apenas 27% acharam que Trump foi melhor.
Na resposta à primeira pergunta do mediador sobre como melhorar a economia, Clinton afirmou que a “questão central” desta eleição é decidir “que país queremos ser”, e garantiu que como presidente irá “construir uma economia que funcione para todos e seja mais justa, começando pela elevação do salário mínimo”. “Precisamos de novos empregos, de bons empregos para todos”. A democrata disse que vai investir em inovação, tecnologia, pequenas empresas e empregos que virão em projetos envolvidos com a mudança climática, que segundo ela, “Trump acredita ser invenção de chineses”.
A acusação levou o republicano a, logo no começo, reagir dizendo que nunca tinha dito isso - embora um tuíte seu, de 2012, mostrasse exatamente a afirmação, que a oponente aproveitou para retuitar minutos depois. Os ataques dela - vestida de vermelho, cor do partido rival, enquanto Trump usava uma gravata azul, também a cor da legenda oponente - se seguiram.
Trump retomou suas insistentes críticas aos tratados de livre comércio afirmando que “nossos empregos estão saindo do país”, e citou México e China.
“Temos que renegociar nossos acordos comerciais e temos que impedir que estes países sigam roubando nossas empresas e nossos postos de trabalho (...). As companhias estão indo embora” dos Estados Unidos, afirmou o republicano, qualificando o sistema de intercâmbio comercial com o México de “deficiente” desde o início.
Os EUA “estão com problemas, não sabem o que fazer diante das desvalorizações nestes outros países, especialmente na China”. “O que estão fazendo conosco é algo muito triste. Trarei os empregos de volta. Você não fará isto”, disse Trump à Clinton.
A democrata respondeu que Trump “vive uma realidade própria”.
E-mails
Em outro momento “quente” do debate, Trump declarou que mostrará sua declaração de renda quando Clinton divulgar os e-mails que apagou de seu servidor pessoal.
“Divulgarei minhas declarações de renda, mesmo contra o desejo do meu advogado, quando ela divulgar seus 33 mil e-mails que apagou”.
“Não acredito que vá divulgar suas declarações de renda porque há algo que está escondendo”, rebateu Clinton, acrescentando que o eleitor precisa saber se “você deve a alguém” quando chega à Casa Branca.
Clinton acusou Trump de ter baseado sua carreira política na “mentira racista” de que o presidente Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos.
Trump “realmente começou sua carreira política sobre a mentira racista de que nosso primeiro presidente negro não é um cidadão americano”.
O republicano atirou contra a ex-secretária de Estado afirmando de Hillary gerou um “caos completo” no Oriente Médio.
“O Oriente Médio se tornou um caos total, em grande medida durante sua direção” no departamento de Estado”, afirmou Trump. “Você fala em derrotar o Estado Islâmico, mas estava lá, era secretária de Estado, quando ainda eram pequenos. Agora estão em mais de 30 países e você fala em detê-los?! Não acredito”.
“Ao menos eu tenho um plano para lutar contra o Estado Islâmico”, rebateu Clinton.
Prosseguindo na área de política externa, Trump declarou: “Quero ajudar todos os nossos aliados, mas estamos perdendo bilhões de dólares. Não podemos ser a polícia do mundo, não podemos proteger todos os países do mundo”.
Trump advertiu que Hillary Clinton carece da força necessária para ser presidente dos Estados Unidos. “Ela não tem a energia (...) para presidir este país, isto exige uma energia fenomenal”.
“Quando você viajar por 112 países e negociar um acordo de paz, um cessar-fogo, a libertação de dissidentes (...) ou passar 11 horas depondo em uma comissão do Congresso, aí sim poderá me falar de energia”, respondeu Clinton.
A democrata advertiu que “um homem que pode ser provocado com uma mensagem no Twitter não pode ter acesso aos códigos nucleares” para lançar mísseis intercontinentais.
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