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Navio russo a caminho do Mediterrâneo, com cidade turca ao fundo | MURAD SEZER/REUTERS
Navio russo a caminho do Mediterrâneo, com cidade turca ao fundo| Foto: MURAD SEZER/REUTERS

Em meio a uma crise econômica e realizando uma forte campanha positiva patrocinada pela mídia estatal, o governo da Rússia diz que ainda não há prazo para pôr fim aos ataques a posições da milícia radical Estado Islâmico e de “demais terroristas” na Síria.

Em entrevista, Sergey Ryabkov, ministro-adjunto de Relações Exteriores da Rússia, afirmou que seu país vem usando bases aéreas e navais do governo do ditador Bashar al-Assad na Síria para os ataques com aviões e mísseis.

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“Estamos em contato direto com Damasco e temos melhores condições do que a coalizão liderada pelos EUA para combater as ameaças terroristas e para eliminar núcleos desconhecidos por eles”, disse Ryabkov.

Ele afirmou que a Rússia não tem nenhuma intenção de enviar tropas terrestres à Síria ou de patrocinar combatentes voluntários contra o Estado Islâmico.

Ryabkov disse que “o grande erro dos EUA foi declarar que o tempo de Assad à frente da Síria terminou”. Sobre a permanência do ditador, afirmou: “Nada é definitivo. Vamos deixar que os sírios decidam.”

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Os meios de comunicação estatais russos estão permanentemente exaltando a ação militar do país na TV (especialmente no popular canal 1) e nas rádios. Imagens de aviões decolando, de bombas caindo e de mísseis sendo lançados de navios são frequentes.

Nas ruas, ambulantes já vendem camisetas do presidente Vladimir Putin vestido como piloto de caças.

Para o professor brasileiro Vicente Barrientos, que integra um instituto ligado à Academia de Economia do governo russo e está radicado há 20 anos em Moscou, o clima na Rússia tem sido de “demonstrações de festa e orgulho” pelas operações em território sírio.

“Nos últimos dois anos vivemos diariamente coisa parecida por causa da Ucrânia. Agora chegou a vez da Síria. Chega a dar cansaço”, disse Barrientos.

No cotidiano, porém, a Rússia atravessa uma grave crise econômica, provocada pela queda dos preços de petróleo e gás no mercado internacional. Em um ano e meio, o valor do rublo caiu pela metade em relação ao dólar (de US$ 1/36 rublos para 65). Segundo o FMI, o PIB do país deve encolher 3,8% neste ano, e a inflação prevista é de 15,8%.

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Algumas das informações veiculadas pela mídia estatal afirmam que, de cada cem bombas lançadas pela coalizão liderada pelos EUA, 97 caem sobre alvos do governo sírio, e apenas três sobre posições do Estado Islâmico.

“Tanto o Estado Islâmico quanto o terrorismo estão se expandindo para fora da Síria, e isso está deixando a Rússia muito vulnerável”, disse Pavel Andreev, diretor-adjunto da Rossiya Segodnya, agência de notícias fundada pelo governo russo em dezembro de 2013.

‘Músculos’

Andreev afirmou que a Rússia também está “mostrando seus músculos” com os ataques na Síria, já que tem “objetivos estratégicos na região”. “Isso mostra que não agimos necessariamente apenas com diplomacia, mas que temos poder.”

Andreev diz que a Rússia recebeu um “pedido pessoal” de Assad para os ataques em seu país e que a CIA (Central de Inteligência dos EUA) treinou muitos daqueles que viraram terroristas na Síria, além de membros do Estado Islâmico.

*O repórter viajou à Rússia a convite do Fórum de Representantes de Mídia dos Brics

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