Falta
Medicamentos com distribuição gratuita também são afetados
A indústria farmacêutica estima que 40% dos medicamentos com distribuição gratuita no país apresentam falhas de continuidade. "Há falhas pontuais, que em alguns casos estão se tornando sistemáticas. Em cada uso terapêutico sempre há um remédio que está faltando", afirmou o vice-presidente executivo da Câmara da Indústria Farmacêutica, Ángel Márquez.
Os problemas são sentidos também nos remédios antirretrovirais para tratar o vírus da aids, disse o presidente da organização venezuelana StopVIH, Jhonatan Rodríguez.
"Nós temos um balanço que aponta que neste ano faltaram sete remédios antirretrovirais", assinalou. "Não há um mês em que não falte medicamentos para tratar o HIV."
A cena se repete nas farmácias venezuelanas: caras de decepção dos clientes por não encontrar o remédio que buscam e funcionários que precisam lidar com as queixas de muitos doentes que não podem seguir seu tratamento porque o medicamento de que necessitam não está disponível.
A situação reflete as crescentes dificuldades no país para conseguir uma ampla variedade de remédios, resultado dos impedimentos cada vez maiores para importá-los no meio do controle de câmbio que rege a Venezuela há dez anos.
Entre os afetados está Héctor Mendoza, que se mostra resignado pouco depois de entrar na quinta farmácia que visita em uma semana na busca pelo remédio que necessita para tratar as sequelas de uma trombose pulmonar.
O problema de Mendoza se estende a muitos venezuelanos, que em algumas ocasiões têm que percorrer várias farmácias para conseguir o medicamento procurado.
Ainda que a situação não seja nova, ela aumentou desde o começo do ano graças às dificuldades dos laboratórios para obter as divisas necessárias para pagar seus provedores internacionais, depois que o governo eliminou um sistema alternativo onde as empresas podiam conseguir dólares.
Colírios, pílulas para dormir e tratar a hipertensão e até coquetéis antirretrovirais contra o HIV são alguns dos remédios que faltam nas farmácias e centros clínicos.
A indústria farmacêutica atribui a escassez a uma lei que mantém congelados há dez anos os preços de 30% dos remédios disponíveis no país e ao atraso do governo em entregar ao setor as divisas necessárias para a importação.
Higiene
Maduro importa rolos de papel higiênico para suprir a escassez no país
O governo da Venezuela aprovou a compra de 50 milhões de rolos de papel higiênico para reabastecer o país ante à falta do produto nos supermercados. O governo diz que a aquisição se deve "a compras nervosas desnecessárias" causadas pelo ambiente político do país. Além do papel higiênico, diversos alimentos e insumos começaram a faltar nos supermercados após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, em março. O governo culpa as empresas pelo baixo fornecimento dos produtos, a maior parte deles com preços congelados.
O anúncio foi feito pelo ministro da Indústria, Ricardo Menéndez, após reunião com Alejandro Fleming, titular do ministério do Comércio. Fleming disse que a primeira remessa, de 20 milhões de unidades, será distribuída a partir desta sexta.
A escassez de produtos básicos é atribuída pelo presidente Nicolás Maduro aos empresários que, segundo ele, estão aliados à oposição para desabastecer o país e gerar insatisfação popular. Para os chavistas, a situação criaria um golpe militar para derrubar o governo.
20% é o aumento aprovado pelo governo para laticínios e carnes de frango e boi. Na última segunda-feira, o governo aprovou também medidas para aumentar a produção de alimentos, em setores como os hortifrutigranjeiros, açúcar e óleo de girassol.
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