Os guias nepaleses de etnia sherpa anunciaram ontem a decisão de abandonar o acampamento base do monte Everest e iniciar uma greve devido à avalanche que matou 16 pessoas na última sexta-feira.
"Nós tivemos uma longa reunião esta tarde e decidimos não escalar mais este ano em homenagem aos nossos irmãos. A decisão dos sherpas é unânime", disse Tulsi Gurung. Outro sherpa e um alpinista americano presente no acampamento base confirmaram a informação, quatro dias depois da tragédia que matou mais de uma dezena de sherpas.
"Alguns guias já foram embora e outros ficarão aqui durante aproximadamente uma semana, o tempo de empacotar tudo e partir", disse Gurung, que perdeu um irmão na tragédia.
Dos 16 sherpas que morreram na sexta-feira, os corpos de três permanecem soterrados pela neve. A avalanche da semana passada foi a tragédia com o maior número de mortes na história da montanha mais alta do mundo.
A decisão parece antecipar o fim das negociações entre os sherpas e o governo do Nepal.
"Estamos em um momento de grande confusão, por isso, nada foi definido sobre a temporada", comentou Zimba Zangbu, presidente da Associação de Alpinistas Nepaleses. "A tragédia foi enorme e é compreensível que muitos sherpas não queiram mais escalar."
O governo do Nepal anunciou ontem um pacote de medidas para tentar melhorar as condições dos guias envolvidos em expedições no Everest, entre elas o aumento da cobertura de seguro de vida e de saúde, indenizações em casos de acidente e a criação de um Fundo de Solidariedade.