A explosão no dia 8 de agosto durante um teste de propulsor de míssil em uma plataforma marítima no Mar Branco, na costa da Rússia, ainda está envolta em mistério. O acidente, que deixou pelo menos cinco pessoas mortas, oferece uma pista sobre um misterioso projeto de mísseis da Rússia.
Quatro dias após a explosão, autoridades militares chegaram à vila de Nyonoksa e disseram que os 450 residentes deviam evacuar o local por algumas horas na quarta-feira. Em meio à falta de informação sobre o acidente, um porta-voz militar afirmou na noite de terça-feira que não haveria necessidade de evacuação.
O nível de radioatividade em seguida à explosão de 8 agosto foi de quatro a 16 vezes maior do que o nível natural, afirmou nesta terça-feira (13) o serviço meteorológico da Rússia, segundo a agência de notícias Tass. Análises de amostras de solo e água confirmaram que os níveis de radiação voltaram ao normal horas depois, segundo autoridades.
A explosão durante o teste de motor de míssil é o mais recente de uma série de acidentes militares que ocorreram na Rússia neste verão. No começo de julho, um incêndio a bordo de um submarino secreto matou 14 pessoas. Em 5 de agosto, um depósito de munições na região de Krasnoyarsk explodiu, criando uma imensa bola de fogo.
Inicialmente, o ministério de Defesa da Rússia disse que duas pessoas morreram e três ficaram feridas na explosão, e que não houve emissão de radioatividade. Depois, oficiais em Severodvinsk, uma cidade maior na região, divulgaram que um breve pico de radiação foi detectado por sensores. A publicação foi retirada do ar.
Os moradores correram para estocar iodo, para ser usado em uma possível exposição à radiação. As ambulâncias que transportaram os feridos pareciam estar isoladas com uma tipo de filme plástico, e as equipes de socorro usavam trajes de proteção.
Em 10 de agosto, a agência estatal nuclear da Rússia, Rosatom, afirmou que cinco de seus funcionários morreram no acidente. A Rosatom disse que a explosão foi resultado do teste de um sistema de propulsão de motor de jato "envolvendo isótopos", ou materiais nucleares.
O projeto Burevestnik
Em discurso em 2018, o presidente Vladimir Putin alegou que a Rússia estava desenvolvendo um novo míssil de cruzeiro que poderia transportar uma ogiva nuclear com alcance quase ilimitado ao redor do globo. O míssil de cruzeiro seria impulsionado por fissão nuclear, com um motor que é essencialmente um reator, que Putin chamou de "unidade de energia nuclear resistente de pequena escala". Veja abaixo o vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia na época.
O míssil, chamado de 9M730 Burevestnik pela Rússia, ou de SSC-X-9 Skyfall pela Otan, aparentemente usa um tipo de motor a jato em que o reator nuclear aquece que entra para fornecer impulso. Os EUA já consideraram a ideia nos anos 1960, mas a execução é extremamente difícil. Especialistas disseram que o anúncio de Putin pareceu mais uma ostentação fantasiosa do que um míssil operacional.
Se a explosão em Nyonoksa aconteceu durante um teste do Burevestnik, surgem questões sobre qual tipo de ameaça nuclear a Rússia possui, após o declínio de acordos de controle de armas nucleares.
Nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse em uma conferência por telefone com jornalistas que "acidentes, infelizmente, acontecem", mas que a Rússia continuava "muito à frente" no desenvolvimento de armamentos avançados. Peskov recusou-se a confirmar se o acidente envolvia o míssil Burevestnik.
O presidente americano Donald Trump disse pelo Twitter que os EUA estavam "aprendendo tanto com a explosão do míssil fracassado" e alegou que os EUA têm uma tecnologia similar e mais avançada.
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