O responsável do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), António Guterres, traçou nesta sexta-feira em Tóquio um sombrio panorama para os refugiados no mundo todo em 2011, um ano de crise humanitária "sem precedentes na história recente".

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Guterres, que visita o Japão para comemorar os 30 anos da adesão do país à convenção sobre o estatuto de refugiados das Nações Unidas, afirmou que o agravamento está ligado aos conflitos que surgiram desde janeiro.

"Nenhuma crise foi solucionada neste ano e ainda surgiram mais seis ou sete", explicou Guterres em uma conferência no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Tóquio.

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O ex-primeiro-ministro português enumerou a explosão da guerra civil na Costa do Marfim, a revolução na Tunísia, a repressão na Síria, as revoltas no Iêmen e o conflito entre Sudão e Sudão do Sul entre os eventos que geraram milhares de novos refugiados em 2011.

Guterres lembrou ainda "da pior de todas as situações humanitárias atuais: a do Chifre da África", onde o conflito civil somali que se arrasta desde 2009 e a pior seca em mais de 50 anos provocaram uma gravíssima crise alimentar.

Essa situação de guerra e fome fez com que mais de 920 mil pessoas se refugiassem em países vizinhos, lembrou o alto comissário, que mencionou o trabalho da Acnur em Dadaab, no Quênia, o "maior campo de refugiados do planeta", e a preocupante situação desse lugar.

Atualmente, Dadaab acolhe cerca de 500 mil refugiados, o que quase quintuplica sua capacidade.

Para ilustrar a situação deste ano, Guterres explicou que o número de barracas mobilizadas no mundo todo pela Acnur triplicou em relação a 2010, "o que é semelhante a enviar um Boeing 747 por semana".

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O responsável da Acnur também indicou que desde 2010 o número de pessoas que decidiram retornar a seu país de origem diminuiu para 200 mil anuais, muito abaixo dos anos anteriores, quando chegavam a quase 1 milhão.

Com relação à Ásia, Guterres falou sobre a "muito preocupante" situação da Coreia do Norte, onde há um significativo deslocamento de pessoas para a Coreia do Sul.

"Estamos mantendo conversas com a China (que recebe um grande número de norte-coreanos) para que dê mais proteção a esses refugiados e pedimos a todos os países receptores que não os devolvam, independente do motivo pelo qual fugiram", disse Guterres.

O alto comissário também se mostrou confiante nos "sinais de mudança" da Junta Militar em Mianmar, apesar de considerar que "ainda é cedo para promover o retorno dos refugiados". EFE

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