Os negociadores reunidos em Copenhague alertaram na quarta-feira que podem perder a oportunidade de limitar as emissões de gases-estufa da aviação e navegação marítima, abrindo mão assim de bilhões de dólares em taxas que poderiam ajudar os países pobres a enfrentarem a mudança climática.

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A apenas dois dias do final da conferência sobre o clima da ONU na capital dinamarquesa, negociadores disseram estar ainda muito distantes de definirem metas de emissões para a navegação e a aviação, atividades que, juntas, produzem até 8 por cento das emissões globais de gases do efeito estufa.

Japão, Arábia Saudita, China e Estados Unidos foram apontados como os responsáveis por impedir avanços nas restrições a esses dois setores, que recentemente se mostraram abertos a uma forte redução nas suas emissões. As negociações, no entanto, esbarraram em questões técnicas.

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"A aviação e a navegação têm uma grande oportunidade de contribuir com a luta contra o aquecimento global, e a oportunidade está escapando", disse Reinford Mwangonde, parte da delegação do Malaui.

Fontes ligadas ao processo dizem que ainda não há consenso em torno de uma das questões mais básicas - se as metas devem ser estabelecidas já em Copenhague ou no ano que vem pela Organização Marítima Internacional e pela Organização Internacional da Aviação Civil (ambas agências da ONU).

Também há conflitos sobre como proteger as nações insulares, que são mais vulneráveis ao aumento do custo dos transportes.

O comissário (ministro) europeu do Meio Ambiente, Stavros Dimas, confirmou que o progresso é lento.

"Alguns estão dizendo que as metas e definições deveriam ser acertadas aqui, outros estão dizendo que deveria ser feito nos dois outros organismos", afirmou ele à Reuters. "Esses dois setores não têm metas de redução e estão aumentando rapidamente suas emissões".

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A União Europeia quer que o setor naval reduza na próxima década as suas emissões para 20 por cento abaixo dos níveis de 2005, enquanto a aviação teria de cortar 10 por cento. Além disso, o bloco europeu defende uma taxação sobre as emissões aéreas e navais, com os dividendos sendo destinados a países pobres.

"Nossa voz coincide com a da UE", disse Bruno T Sekoli, negociador-chefe do Lesoto, que representa os países menos desenvolvidos em Copenhague.

A falta de metas levaria a ainda mais incertezas para os investimentos nos dois setores, e também desperdiçaria bilhões de dólares para um futuro fundo climático, cuja formação é um dos principais entraves à adoção de um acordo em Copenhague.

"Algumas das maiores economias do mundo em desenvolvimento estão egoisticamente bloqueando um tratado que poderia destravar o acordo geral de Copenhague", disse Bill Hemmings, do grupo ambiental T&E.

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