Um tratado global da ONU sobre clima pode levar mais um ano além do prazo limite de dezembro para ser alcançado, disseram nesta quinta-feira delegados envolvidos nas negociações.
Uma reunião da ONU em Barcelona reunindo representantes de 175 países - a última antes do esperado acordo de dezembro, em Copenhague -, se tornou desanimadora em relação aos aspectos para finalizar um texto que tenha de ser obrigatoriamente cumprido pelos países, de acordo com os delegados.
Líderes de várias nações têm dito nos últimos dias que a conferência de Copenhague pode chegar a um acordo de "comprometimento político", mas o tempo é curto para um entendimento sobre um texto "legalmente obrigatório". Os delegados em Barcelona discutiam sobre o tempo extra que será necessário para um acordo.
"Há ainda muito trabalho a ser feito", disse Artur Runge-Metzger, diretor da delegação da Comissão Europeia, admitindo que mais tempo será necessário.
As conversações para definir um novo pacto sobre o clima começaram em Bali, na Indonésia, em dezembro de 2007, e foi estabelecido o prazo de dois anos para a sua conclusão.
O endurecimento do texto para que tenha caráter de obrigatoriedade legal "deveria ser feito o mais cedo possível... três meses, seis meses", disse ele a repórteres.
John Ashe, coordenador das conversações para estender o prazo do Protocolo de Kyoto, que está em vigor, disse que se não for obtido um acordo em dezembro - o que ele prefere - os negociadores deveriam consolidar as questões para o encontro seguinte, em Bonn, na Alemanha, provavelmente em maio, como aconteceu em 2000.
"Já fizemos isso antes, podemos fazer de novo", afirmou.
Outros delegados disseram que um acordo poderá levar ainda mais tempo, em parte por que a legislação dos EUA para contenção de emissões de carbono não ficará pronta este ano, apesar de um comitê do Senado ter votado nesta quinta-feira em favor de um projeto dos democratas sobre o clima.
O comitê em Washington aprovou um projeto que vai requerer que a indústria reduza as emissões de gases do efeito estufa em até 20 por cento até 2020, tendo como referência os níveis de 2005.
O senador John Kerry lidera uma iniciativa, com alguns republicanos, para a elaboração de um texto conjunto que provavelmente não será votado pelo plenário do Senado até o ano que vem, na melhor das hipóteses.
Uma autoridade japonesa disse que "se não houver um acordo em até seis meses depois de Copenhague, então talvez ele só será alcançado no ano seguinte por causa das eleições para o Congresso dos EUA". Em novembro de 2010 haverá eleições para cerca de um terço do Senado norte-americano.
As negociações em Barcelona estancaram em divergências entre países ricos e pobres sobre as metas de redução de emissões.