A demonstração de força feita pela Rússia contra a nação da Geórgia nas últimas semanas trouxe de volta as discussões sobre o polêmico escudo antimísseis norte-americano. Não é sem motivo: horas depois da investida russa, a antiga aliada Polônia encerrou negociações que já duravam um ano e meio e rapidamente assinou um acordo com os Estados Unidos para instalar dez interceptadores antimísseis em seu território. Até agora ninguém sabe exatamente como funciona o famoso escudo antimísseis, nem mesmo se realmente funciona, mas analistas apontam a ascensão de um novo conflito entre as duas antigas superpotências mundiais como pano de fundo de todas essas movimentações do tabuleiro.
Antes da Polônia, a República Tcheca já havia pulado o muro do Leste Europeu e assinado acordo para instalar um radar do sistema antimísseis americano em suas terras. Depois da Polônia, a Ucrânia se pronunciou para também contribuir para o escudo. Analistas revelam que isso é uma resposta natural de alguns países submissos à Rússia no passado. "A Polônia é um país historicamente sacrificado e submetido aos impérios czarista e soviético. Hoje eles querem se manter o mais afastado possível da Rússia", lembra o fundador e membro do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp Geraldo Cavagnari.
Caminho sem volta
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, admitiu que cruzou uma linha de relações com Moscou da qual não há mais volta, conforme destaca o artigo "Atrás do escudo americano", da revista britânica The Economist. Mas Tusk também justificou sua decisão com o fato de que, após a invasão russa na Geórgia, os Estados Unidos pelo menos aceitaram a demanda polonesa de modernizar suas forças armadas, em troca dos dez postos avançados de lançamento antimísseis. "Os países do Leste Europeu temem a Rússia", diz o artigo.
Com a brecha que o Kremlin abriu para perder aliados geopolíticos, as farpas entre os dois países engrossaram. Os Estados Unidos alegam que o sistema antimísseis tem como alvo os países "fora-da-lei" Irã e Coréia do Norte, mas o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, toma a idéia como ofensa pessoal.
O estrategista Cavagnari concorda com Putin e se diz convicto de que o primeiro objetivo do escudo é intimidar possíveis ataques russos. "Quanto mais a Rússia insistir em recuperar o seu status de superpotência, mais os Estados Unidos vão endurecer o jogo", sintetiza.
Lula arranca uma surpreendente concessão dos militares
Polêmicas com Janja vão além do constrangimento e viram problema real para o governo
Cid Gomes vê “acúmulo de poder” no PT do Ceará e sinaliza racha com governador
Lista de indiciados da PF: Bolsonaro e Braga Netto nas mãos de Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
Deixe sua opinião