O presidente dos EUA, Donald Trump, tem razão em se retirar do Acordo de Paris. Enquanto o clima está realmente mudando e a atividade humana está desempenhando um papel nesse processo, as chances de uma catástrofe climática iminente são simplesmente pouco realistas e não fundamentadas na realidade.
Mas, mesmo admitindo uma catástrofe tão iminente, o Acordo de Paris por si só pouco faria para alterar o clima. Para ter qualquer impacto no clima, o mundo inteiro teria que mudar rapidamente a maneira como consome energia ou simplesmente permanecer subdesenvolvido. Ambas as opções são desprovidas de realidade.
Embora muitos países estejam expandindo rapidamente o uso de energia renovável, as previsões indicam que carvão, petróleo e gás natural continuarão a fornecer a esmagadora maioria das necessidades de energia do mundo por muito tempo. Para os países em desenvolvimento, as maiores prioridades são reduzir a pobreza energética e melhorar os padrões de vida.
Aqueles que clamam por ações em relação às mudanças climáticas são os que realmente deveriam ficar mais chateados com a farsa do Acordo de Paris. Ele foi comemorado como uma conquista revolucionária da união dos países desenvolvidos e em desenvolvimento do mundo, mas ele é tudo menos isso.
Sem mecanismos de fiscalização em vigor e sem consequências por não cumprir as metas de redução de emissões, os países são essencialmente livres para fazer o que quiserem, o que significa que continuarão em sua trajetória como de costume sem fazer alterações. A China, por exemplo, pode atingir o pico de suas emissões em 2030, mesmo que as projeções indiquem uma queda do seu pico de emissões antes desse ano.
A Índia, por sua vez, comprometeu-se a reduzir seus níveis de emissões ou a reduzir a proporção de emissões de carbono em relação ao produto interno bruto. Essa proporção pode diminuir desde que as emissões de carbono subam a uma taxa mais lenta que o PIB, mas as emissões de carbono continuarão aumentando da mesma forma.
Na verdade, a Índia se comprometeu com reduções de emissões inferiores ao que o país alcançaria se continuar com o mesmo rumo em que está atualmente. Em outras palavras, o país estabeleceu um padrão tão baixo que pode continuar com sua trajetória de intensidade de emissões e ainda sair como um herói do clima.
Como Oren Cass, do Instituto Manhattan, escreveu: "É fácil emagrecer até chegar aos 80 quilos, se você começa pesando 75 quilos".
O Paquistão foi mais honesto do que os outros sobre suas perspectivas de emissões, declarando sem rodeios: "Dado o crescimento econômico futuro e o crescimento associado no setor de energia, o pico de emissões no Paquistão deve ocorrer muito além do ano 2030. Um aumento exponencial de emissões [de gases de efeito estufa] provavelmente ocorrerá por muitas décadas antes que seja esperada qualquer redução nas emissões".
A conformidade global com o Acordo de Paris foi verdadeiramente péssima. De fato, a maioria das nações logo fracassará em cumprir os prazos acordados.
A esperança original de que a contribuição de cada nação possa, de alguma forma, pressionar outros países a "fazer mais" não está se concretizando. Esse acordo foi uma mistura de compromissos definidos arbitrariamente, sem mecanismo de fiscalização. Ele estava destinado ao fracasso desde o início.
O cumprimento dos compromissos do governo Obama imporia um claro dano econômico aos EUA, elevando os preços da energia - e isso é apenas uma pequena parte do custo total. Os americanos pagariam mais por alimentos, assistência médica, educação, roupas e qualquer outro bem e serviço que exija energia.
Esses custos mais altos estariam espalhados por toda a economia e reduziriam no geral o crescimento econômico e o emprego. Os analistas da Heritage Foundation estimaram que os regulamentos necessários para cumprir os compromissos do governo Obama imporiam os seguintes custos até 2035:
- Uma perda geral de quase 400 mil empregos, metade dos quais nos setores de fabricação.
- Uma perda de renda total média de mais de US$ 20 mil para uma família de quatro pessoas.
- Uma perda agregada do PIB de mais de US$ 2,5 trilhões.
Outros países continuariam recebendo um passe livre segundo o acordo, mas se os EUA o assinassem, pode-se ter certeza de que processos legais de ativistas ambientais garantiriam que os EUA cumprissem suas obrigações.
Para piorar a situação, os regulamentos climáticos que abrangem a meta dos EUA podem nem alcançar os resultados desejados e exigiriam regulamentos adicionais. E isso seria apenas o começo. O Acordo de Paris exige metas cada vez maiores à medida que o tempo passa, o que aumentaria ainda mais o custo de cumprimento. Esses esforços nos trariam de volta às mesmas políticas caras e ineficazes que a atual administração está reavaliando.
Em vez disso, o Congresso deveria adotar políticas pragmáticas que realmente impulsionem a inovação em energia e proteção ambiental.
©2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês