Bruxelas (Folhapress) A Turquia e a União Européia chegaram ontem a um histórico acordo que permitiu a abertura das negociações para que aquele país se torne membro do bloco, apesar do ceticismo sobre a possibilidade de a UE absorver um parceiro populoso e muçulmano.
O premier turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o acordo refletia "as expectativas e as demandas" de seu governo. "A Turquia deu um passo gigantesco."
A cerimônia de assinatura do acordo foi adiada até quase a meia-noite, em Luxemburgo, depois de uma maratona diplomática de dois dias, em que os ministros das Relações Exteriores procuraram superar as objeções que a Áustria levantara à abertura das negociações.
"O dia é histórico para a Europa e para toda a comunidade internacional", disse Jack Straw, chefe da diplomacia britânica. O Reino Unido ocupa a presidência rotativa da UE, e o governo de Tony Blair se empenhou para que o projeto turco não fracassasse.
A Áustria queria que a Turquia fosse aceita só como país-associado e não membro efetivo. A Turquia aceitou acelerar suas reformas internas nas áreas de direitos humanos, economia, instituições políticas e do Judiciário e a ser avaliada em razão delas a cada passo da negociação. As regras européias e totalizam 80 mil páginas de documentos.
"O Mediterrâneo oriental será crucial para a paz no século 21", disse Joschka Fischer, em seu último encontro internacional como chefe da diplomacia alemã. Dois dos integrantes da UE, a Áustria e também a França, disseram que, ao final das negociações, só aprovarão o ingresso turco depois de submeter a questão a plebiscito entre seus eleitores.
As negociações em Luxemburgo, que anteontem caminhavam para o fracasso, foram auxiliadas pelos Estados Unidos, interessados em não deixar a Turquia isolada e preocupados com os efeitos desse eventual isolamento.