O Irã e as potências mundiais indicaram ontem estar próximos de um acordo preliminar para pôr fim ao impasse sobre o programa nuclear de Teerã, que se arrasta há mais de uma década.
Os avanços foram anunciados no primeiro de dois dias de conversas diplomáticas em Genebra, que ocorrem em meio a reiterados sinais de apaziguamento desde a eleição do conciliador Hassan Rouhani à Presidência do Irã.
Um porta-voz dos EUA disse que o grupo de interlocutores do Irã, que inclui ainda Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, ofereceu alívio inicial de algumas sanções caso Teerã adote "medidas concretas e verificáveis" para diluir suspeitas de que busca a bomba atômica.
Contornos gerais da proposta foram aventados por um funcionário da diplomacia americana em Genebra. Ele afirmou que Teerã poderia retomar certas transações financeiras e receber parte dos fundos bloqueados no exterior caso desacelere seu enriquecimento de urânio até um acordo definitivo.
O prazo discutido é de seis meses. "Vejo potencial para delinear [este] primeiro passo", disse o americano. Após esse intervalo, haveria novas negociações para um acordo final.
Não está claro se a proposta supõe a interrupção total das atividades nucleares neste período ou se a oferta permitirá a Teerã continuar enriquecendo urânio, desde que em níveis baixos de pureza, para dificultar a eventual busca da bomba. O Irã diz que seu programa tem fins pacíficos.
O número dois da delegação iraniana, Abbas Araghchi, descartou a interrupção do programa nuclear. "A suspensão do enriquecimento de urânio é a linha vermelha para o Irã. [...] O enriquecimento é algo importante para nós e continuará com certeza."
Numa iniciativa vista como reflexo da atmosfera construtiva, diplomatas americanos e iranianos tiveram um encontro bilateral paralelo.
O chefe da delegação iraniana, o chanceler Mohammad Javad Zarif, se disse "otimista" e que as partes poderão "avançar". Em entrevista à CNN, afirmou que um acordo provisório pode ser assinado hoje e previu o acordo final em menos de um ano.
As partes não esclareceram se a proposta das potências leva em conta oferta apresentada pelo Irã no encontro anterior, ocorrido há três semanas, também em Genebra.
O Irã havia oferecido diminuir o grau de pureza do urânio enriquecido e assinar um tratado internacional que submete signatários a inspeções nucleares mais intrusivas e praticamente sem aviso prévio. Em troca, esperava a suspensão das sanções mais severas, que afetam a indústria petroleira.