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Acordo palestino afronta Israel

Família palestina assiste à cerimônia de reconciliação entre as duas facções políticas | Suhaib Salem/ Reuters
Família palestina assiste à cerimônia de reconciliação entre as duas facções políticas (Foto: Suhaib Salem/ Reuters)

As duas principais facções políticas palestinas, o Fatah e o Hamas, proclamaram ontem um acordo de reconciliação e unidade política para acabar com a ri­­validade de quatro anos que le­­vou à formação de duas estruturas de poder diferentes nos territórios que os palestinos. Israel, contudo, denunciou o acordo palestino como "um golpe mortal para a paz".

A formação da aliança entre o Hamas e o Fatah levou a comemorações dos palestinos nos territórios ocupados por Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com multidões comemorando o fim dos conflitos internos. O mediador in­­ternacional para o processo de paz, o ex-premiê britânico Tony Blair, afirmou que o novo governo provisório palestino que será formado após o acordo precisa reconhecer a existência do Estado de Israel.

O Hamas recusou a su­­gestão de Blair, enquanto o presidente da Autoridade Nacional Pa­­­­lestina (ANP), Mahmoud Abbas, do movimento Fatah, disse que os pa­­lestinos não aceitam a chantagem. "Nós rejeitamos a chantagem e não é possível que aceitemos mais a ocupação de Israel às nossas terras", afirmou Abbas no Cairo.

O líder do grupo Hamas, Kha­­led Meshal, afirmou nesta quarta-feira que "nossa única luta é com Israel" e que as divergências de quatro anos com o presidente da ANP, do grupo laico Fatah, "ficaram para trás". Ele acrescentou que o Hamas trabalhará para alcançar o "objetivo nacional palestino" de um Estado soberano na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de­­clarou em Londres: "O que aconteceu hoje (quarta-feira) no Cairo é um golpe mortal para a paz e uma grande vitória para o terrorismo." Israel luta politicamente para impedir que as Nações Uni­­das re­­conheçam um Estado palestino.

Na quinta-feira, Netanyahu deve se encontrar em Paris com o presidente francês, Nicolas Sar­­kozy. O premiê israelense se opõe duramente à presença do Hamas no governo palestino. A França poderá reconhecer em breve um Estado palestino, reconhecimento já feito pela Rússia, China, Ín­­dia, Brasil e vários países da Amé­­rica Latina, Leste Europeu, África e Sudeste Asiático.

Netanyahu quer que os líderes europeus se oponham, ou pelo menos se abstenham, se os palestinos buscarem o reconhecimento de uma declaração unilateral da criação de um Estado, quando a Assembleia-Geral da ONU se reunir em setembro.

O ministro da Defesa de Israel, Matan Vilnai, qualificou o acordo entre os palestinos como uma "cortina de fumaça", que não muda nada. "Eles não concordam em nada". O Hamas condenou a morte de Bin Laden e o Fatah apoiou.

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