Nesta terça-feira, a Agência Espacial Brasileira (AEB) oficializou o contrato para da viagem à Estação Espacial Internacional do primeiro astronauta brasileiro. Por volta das 13h30 de Moscou (7h30 no horário brasileiro de verão), os presidentes da AEB, Sérgio Gaudenzi, e da Agência Espacial Russa, Anatoli Perminov, assinaram o documento confirmando a realização de um vôo que há sete anos é planejado, discutido e negociado e que muitos chegaram a pensar que jamais aconteceria.
- Estou feliz. Acho que as coisas vão se encaminhar muito bem. Como diriam os pilotos, estou em ritmo de o trem baixado travado - brincou Pontes, que falou com exclusividade ao Globo Online, por telefone de Moscou.
Desde a quinta-feira passada, Pontes está em Moscou, onde já deu início ao treinamento na Cidade das Estrelas, centro espacial localizado a cerca de uma hora da capital russa. Devido ao severo regime de treinamento, o presidente da AEB chegou a pensar que o astronauta não conseguiria comparecer à assinatura do contato.
- Mas foi tudo tranqüilo dentro do programado e o Pontes conseguiu vir - comemorou Gaudenzi.
Segundo Pontes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar bastante satisfeito com a realização do vôo e pediu que o astronauta não deixe de levar no vôo a bandeira brasileira e um chapéu como o de Santos Dumont, em homenagem ao centenário do vôo do 14 bis.
- O presidente Lula me deu parabéns e me disse para levar mesmo a bandeira brasileira, o chapéu da Santos Dumont e, evidentemente, os 15 quilos de experimentos - disse o astronauta.
Serão apenas seis meses de simulações e testes até o dia do grande vôo, marcado para 22 de março de 2006.
- Em geral, o treinamento é bem mais longo do que isso. O normal é que seja entre oito a 13 meses. Mas estou fazendo um treino compacto, devido aos oito anos de treinos anteriores - contou Pontes, que entrou na Nasa em 1998. - Temos trabalhado direito, até nos fins de semana, porque não há tempo a perder.
Segundo o astronauta, o treinamento russo não difere do que teve na Nasa.
- Não há muitas diferenças, até porque existe um padrão estabelecido para quem vai à estação espacial. Começou com aulas teóricas de apresentação do equipamento e de como operá-lo, primeiro em situações normais e depois em casos de emergência.
Nem mesmo o fato de não dominar o idioma russo tem representado uma dificuldade para Pontes.
- A Cidade das Estrelas é uma base aérea e dá para se virar bem. A maioria das pessoas fala inglês. Mas para as coisas mais específicas, existem intérpretes para ajudar - afirmou Pontes.
O astronauta contou que ainda não conhece os cosmonautas que viajarão com ele a bordo da espaçonave Soyuz, mas acredita que, na próxima semana, já poderá conhecê-los.
- Tem muitas pessoas viajando agora. Eles devem voltar para a Cidade das Estrelas na próxima semana - contou Pontes.
Casado e pais de dois adolescentes, com 19 e 14 anos, Pontes deixou a família em Houston, nos EUA, onde vive a maior parte do ano. Segundo ele, a família também está feliz com a confirmação do vôo.
- Eles têm torcido, sofrido e comemorado comigo nesse tempo todo. Então estão muito felizes - disse.
O brasileiro ainda não sabe dizer se poderá ir ao Brasil e aos Estados Unidos antes do vôo. Pontes acredita que algumas viagens sejam realizadas para que possa conhecer melhor os experimentos que levará ao espaço, ainda não definidos.
- Talvez tenha que ir ao Brasil para ver alguns pontos do experimento. Ou então o pesquisador virá até aqui - especulou.
O astronauta voltará ainda nesta terça-feira para a Cidade das Estrelas.
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