O impopular primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, deve finalmente deixar o cargo neste mês após um acordo aprovado no Parlamento nesta quarta-feira, e o ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, surge como favorito para se tornar o sexto premiê do país em cinco anos.
O destino de Kan foi selado por uma votação parlamentar a respeito de um importante pacote legislativo. Mas céticos questionam se um novo líder terá condições de se sair melhor que seus antecessores, que sofreram para implementar políticas que acabem com duas décadas de estagnação econômica e resolvam profundos problemas estruturais numa sociedade que envelhece rapidamente.
A imprensa japonesa disse que o Partido Democrático, de Kan, pretende eleger um novo líder a partir de 28 de agosto, mas uma fonte partidária disse que o processo pode ser adiado dependendo da tramitação do pacote legislativo, que inclui uma lei que autoriza o governo a emitir mais títulos para arcar com o seu orçamento deste ano.
Uma comissão da câmara baixa do Parlamento aprovou essa lei na quarta-feira. Kan havia dito que isso seria um pré-requisito para a sua renúncia.
O novo premiê terá de encontrar verbas para reconstruir o nordeste japonês depois do terremoto e tsunami de março, apesar da dívida pública que atinge quase 200 por cento do PIB, de 5 trilhões de dólares. Além disso, o futuro governo terá de reformular a política energética do país, reagindo à crise nuclear na usina de Fukushima, e promover reformas tributárias e previdenciárias.
Noda, um conservador nas políticas fiscais, que assim como Kan vê o controle da dívida como prioridade, aparece como favorito no partido, mas é mal visto em alguns setores do PD por causa de suas propostas de aumentar a carga tributária. Pesquisas indicam também que ele não tem grande apelo junto ao eleitorado como um todo.
As guinadas políticas e a personalidade áspera de Kan irritaram parlamentares tanto da oposição quanto do governo, e alguns analistas esperam que a substituição dele facilite a cooperação com a oposição, que controla a câmara alta e pode barrar projetos. Outros questionam se a oposição estaria disposta a cooperar além de um orçamento extraordinário necessário para financiar a reconstrução pós-tsunami.
Kan prometeu há dois meses, depois de sobreviver a um voto de desconfiança, que transmitiria o poder a uma nova geração do seu partido. Mas impôs três condições.
Uma delas, a aprovação de um orçamento adicional para a reconstrução pós-tsunami, já foi atendida.
A segunda -- a ampliação do limite de endividamento -- agora parece prestes a ser aprovada até o final do mês.
A terceira condição seria a aprovação de uma lei estimulando o uso de energias renováveis, como parte da iniciativa de Kan de reduzir o uso da energia atômica no Japão. A imprensa local diz que essa medida também deve ser aprovada, depois de passar por emendas para atender a preocupações da oposição.
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