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Copenhague - Um tímido acordo climático foi alcançado no sábado depois que duas semanas de negociações se recuperaram após quase caírem por terra. O resultado deixou clara a vulnerabilidade do processo da ONU, que depende de um consenso, e pode marcar a diminuição da importância do órgão.

As principais negociações aconteceram entre aproximadamente 30 países, e o mais importante resultado envolveu apenas cinco deles: Estados Unidos, China, Brasil África do Sul e Índia. O acordo final não tem força legal e deixa em aberto a adesão dos países. O resultado fica distante da convenção climática ampla da ONU.

"Não acho que seja o fim para o papel ambiental da ONU, mas é um novo modelo dentro do arcabouço," disse Jennifer Morgan, diretora do programa de energia e clima do Instituto dos Recursos Mundiais. Ela apoiou "absolutamente" o papel dos chefes de Estado. Líderes mundiais voaram para Copenhague para participar dos últimos dias de reuniões, e o presidente Barack Obama foi importante para conseguir acabar com o impasse. "Acho que essa é a história dessa conferência. Os chefes de Estado chegaram aqui e fizeram um acordo um pouco independente do processo da ONU. (Mas) ainda haverá muitos papéis importantes para a Convenção Climática da ONU."

O secretariado de mudanças climáticas da ONU ajudaria a monitorar as ações de países em desenvolvimento para controlar as emissões de gases causadores do efeito estufa, uma das questões mais complicadas da conferência da ONU, disse Morgan, como exemplo de papéis que a comissão poderá desempenhar.

Decisões da ONU têm de ser feitas por unanimidade entre países diferentes como os EUA e pequenas ilhas do Pacífico como Tuvalu, que tem apenas 12 mil habitantes.

Essa regra ameaçou inviabilizar a conferência de Copenhague –alguns países em desenvolvimento insistiram que qualquer texto fosse revisado numa sessão plenária com os 193 países-membros.

Fontes dizem que os anfitriões dinamarqueses estavam relutantes em fazer isso, com medo de que levaria muito tempo para o grupo criar uma versão preliminar do texto, algo que poria a perder vários dias de negociações. Na última noite, uma sessão plenária ilustrou claramente o problema que é chegar a uma opinião unânime sobre uma versão final do texto.

A intervenção direta do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, foi necessária para resgatar o Acordo de Copenhague. Ban mediou o acordo para que países que estavam relutantes em assiná-lo, como a Venezuela e a Bolívia, participassem.

A decisão de sábado apoiou o objetivo de se criar um fundo anual de US$ 100 bilhões até 2020 para ajudar os países pobres a lutar contra as mudanças climáticas. Ela também aceitou a opinião científica de que é importante limitar o aquecimento global a 2ºC. Não houve metas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa e nenhum compromisso de que todos os países um dia vão assinar o tratado que sucederá o Protocolo de Kyoto.

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