Bandeira francesa no portão do Palácio do Eliseu, sede da presidência da França, em Paris| Foto: Giorgi Abdaladze/Wikimedia Commons
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O acordo entre União Europeia e Mercosul continua “inaceitável” em seu estado atual, disseram fontes da presidência francesa nesta sexta-feira (6), insistindo que somente os estados-membros do bloco europeu podem autorizar sua assinatura.

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“O acordo não está assinado nem ratificado”, assinalaram fontes do Palácio do Eliseu em uma conversa com um grupo de jornalistas, na qual insistiram que não tem “nenhum efeito legal” o anúncio feito em Montevidéu pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o fim das negociações.

“Somente os estados [membros] no Conselho podem autorizar a assinatura do acordo, que ainda precisa ser ratificado. Não há efeito legal e os estados não estão vinculados ao anúncio do fim das negociações”, enfatizaram.

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Segundo as fontes, “a França continuará, junto com seus parceiros, a defender incansavelmente sua agricultura e soberania alimentar”.

O gabinete presidencial francês lembrou as exigências que a França vem fazendo há anos sobre esse acordo: que o setor agrícola e pecuário não pode ser submetido à concorrência “desleal” ou pagar por um maior acesso dos produtos industriais europeus aos mercados do Mercosul.

Além disso, destacou que o Acordo de Paris sobre o clima deve ser uma parte essencial do tratado e que o desrespeito às regras deve significar a suspensão automática do pacto.

“O desenvolvimento sustentável e o fim do desmatamento devem ser garantidos; os padrões e controles de saúde devem ser respeitados e reforçados”, insistiu.

As fontes lembraram que essas demandas sobre agricultura e pecuária “já são amplamente expressas na Europa: na Polônia, Itália, Holanda, Áustria, Bélgica e, é claro, no Parlamento Europeu”.

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A rejeição do acordo do Mercosul, que provocou manifestações de agricultores na França, é uma das poucas questões que tem o apoio de quase todos os partidos do país, como ficou claro há duas semanas em um debate parlamentar organizado pelo governo.