O caso Jeffrey Epstein continua a ter repercussões significativas mesmo após a sua morte suspeita, ocorrida em 2019. Segundo informações oficiais, o financista americano se suicidou em sua cela em uma prisão de Nova York.
Epstein era um bilionário que ganhou as principais manchetes dos jornais de todo o mundo após ser acusado pela Justiça americana de ser o mentor de uma rede de tráfico sexual de menores.
Ele foi preso em julho de 2019, sob acusações federais de tráfico sexual de menores na Flórida e em Nova York, e estava aguardando julgamento na prisão quando morreu.
Segundo os promotores americanos, entre 2002 e 2005, Epstein e sua ex-namorada, a socialite britânica Ghislaine Maxwell, recrutaram diversas meninas menores de idade, a maioria delas em situação de vulnerabilidade social, para levá-las para as ilhas privadas do bilionário americano, localizadas nas Ilhas Virgens Americanas. No local, tanto Epstein quanto outros homens as exploravam sexualmente.
Em 2022, Maxwell foi condenada pela Justiça americana a 20 anos de prisão por ser cúmplice de Epstein. Mas não foi apenas ela quem teve sua imagem estampada na mídia do mundo inteiro por causa dos crimes de Epstein: vários bancos e pessoas influentes na sociedade mundial também ficaram marcados pela proximidade que tinham com o financista americano e até hoje estão fechando acordos judiciais para se distanciar do caso.
O príncipe Andrew da Inglaterra, filho da falecida rainha Elizabeth II; os ex-presidentes dos EUA Bill Clinton (1993-2001) e Donald Trump (2017-2021); bem como executivos de diversos bancos reconhecidos internacionalmente, como o Goldman Sachs Group Inc., J.P. Morgan Chase & Co, o Citigroup Inc., o Bank of America Corp. e o Barclays Plc, tiveram ligações com Epstein expostas por meio de fotos ou de movimentações financeiras.
A lista de pessoas que se encontraram ou eram próximas a Epstein ainda conta com Bill Gates, o intelectual esquerdista Noam Chomsky e até mesmo o atual chefe da CIA, William Burns.
Recentemente, o J.P. Morgan concordou com um acordo judicial de US$ 75 milhões (R$ 378 milhões) para encerrar uma ação judicial relacionada ao caso movida pelas Ilhas Virgens Americanas.
A instituição financeira estava sendo acusada pelos promotores das Ilhas Virgens Americanas de facilitar o esquema de tráfico sexual orquestrado por Epstein, que era um ex-cliente do banco. Os detalhes desse acordo foram revelados pelo jornal britânico The Guardian.
Do total de US$ 75 milhões, o J.P. Morgan concordou em destinar US$ 55 milhões (R$ 273 milhões) para organizações de caridade nas Ilhas Virgens Americanas dedicadas a combater o tráfico de seres humanos na região.
Os US$ 20 milhões (R$ 100 milhões) restantes cobrirão as despesas legais incorridas pelas Ilhas Virgens Americanas durante o processo judicial.
“O acordo inclui diversos compromissos substanciais do J.P. Morgan Chase para identificar, relatar e cortar o apoio ao possível tráfico de seres humanos, incluindo o estabelecimento e implementação de políticas e procedimentos abrangentes”, disseram por meio de comunicado os promotores da ilha responsáveis pelo acordo.
Autoridades do arquipélago americano anunciaram ainda que utilizarão US$ 10 milhões (cerca de R$ 50,3 milhões) do acordo para criar um fundo de assistência às vítimas dos abusos de Jeffrey Epstein.
“Este acordo é uma vitória histórica para os sobreviventes e para as autoridades legais do Estado, e deveria servir como um alerta em Wall Street sobre as responsabilidades legais dos bancos em detectar e prevenir o tráfico de seres humanos”, afirmou Ariel Smith, o procurador-geral das Ilhas Virgens Americanas.
No ano passado, as Ilhas Virgens moveram essa ação judicial contra o J.P. Morgan, alegando que o banco tinha conhecimento do esquema de tráfico sexual de menores de Epstein e que não havia denunciado as transações suspeitas do bilionário às autoridades competentes.
Em junho deste ano, o J.P. Morgan já havia concordado em pagar US$ 290 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) em um acordo com vítimas de Epstein para encerrar um processo judicial semelhante apresentado por promotores do Tribunal Federal de Manhattan.
Também em junho, o Deutsche Bank, que havia aceitado Epstein como cliente após ele ser afastado pelo J.P. Morgan em 2013, concordou em pagar US$ 75 milhões às vítimas de Epstein para resolver um terceiro processo judicial no mesmo tribunal.
No início deste ano, uma matéria da agência de notícias americana Bloomberg revelou como Epstein ainda assombra a elite de Wall Street, mesmo depois de sua morte.
Segundo as informações, vários executivos e empresas do setor financeiro mantiveram laços com o financista, buscando se beneficiar de sua riqueza, influência e rede de contatos.
Alguns desses executivos e empresas expressaram arrependimento por suas associações com Epstein, enquanto outros enfrentam processos ou investigações por sua conduta até os dias atuais, como é o caso do J.P. Morgan.
Segundo as informações da Bloomberg, alguns executivos do Goldman Sachs, por exemplo, ficaram surpresos e perplexos com a revelação no início deste ano dos laços que sua então principal advogada Kathy Ruemmler tinha com Jeffrey Epstein.
Ruemmler ocupa atualmente o cargo de conselheira geral do banco e foi contratada pela instituição financeira em 2020. Segundo informações, ela já havia comunicado à liderança do Goldman Sachs sobre suas interações no passado com Epstein. Ruemmler explicou que o financista havia oferecido a ela o “uso de sua rede de contatos para ajudar a angariar negócios enquanto ela estava na iniciativa privada”.
Ruemmler, que foi promotora do Departamento de Justiça dos EUA e conselheira da Casa Branca durante o governo do ex-presidente Barack Obama (2009-2017), do Partido Democrata, construiu laços com Epstein após ingressar na iniciativa privada em 2014.
Documentos obtidos pelo jornal americano Wall Street Journal mostram que ela teve mais de 30 reuniões com Epstein nos anos anteriores à sua morte. Ela ainda havia se responsabilizado por visitar apartamentos que o bilionário pretendia comprar.
Ruemmler também esteve junto de Epstein no dia em que ele recebeu as acusações em 2019 por múltiplos crimes sexuais.
Apesar da proximidade com Epstein, a conselheira não está sendo investigada pelas autoridades americanas até o momento.
O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, declarou no começo deste ano à Bloomberg que estava “muito triste por termos qualquer relação com aquele homem”.
Dimon afirmou que o banco teria tomado “medidas diferentes” se tivesse conhecimento da “extensão das ações e comportamento de Epstein”.
No Citigroup, o banqueiro Paul Barrett deixou a empresa depois que foi revelado que ele agendou cinco reuniões com Epstein entre 2014 e 2017, quando ainda estava no J.P. Morgan.
No Bank of America, um consultor patrimonial foi deposto devido à sua relação com Epstein enquanto também trabalhava no J.P. Morgan e no Deutsche Bank.
A indústria financeira americana ainda enfrenta duras críticas e teorias por seu envolvimento prolongado com Epstein, o que lança luz sobre as complexas relações entre Wall Street e figuras controversas.
O caso Epstein expôs as sombras do mundo dos bilionários e do poder, revelando uma rede de abusos, corrupção e impunidade que chocou a opinião pública. Quatro anos após sua morte, diversas questões permanecem sem respostas e muitas vítimas ainda aguardam por justiça.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas