Entenda como funciona o procedimento de "sufocamento"

- A "lama" resultante da perfuração --um fluido mais pesado que o petróleo, que pode conter barita, argila e água-- é bombeada de um navio para uma plataforma marítima, e de lá descerá pelo cano da sonda até o leito marinho, 1.600 metros abaixo da superfície. O navio pode bombear quase 8.000 litros de lama por minuto, e está abastecido com 1,75 milhão de litros. Três outros navios carregados de lama aguardam nos arredores.

- A lama descerá pelo cano e entrará em mangueiras conectadas a um coletor no leito marinho, que direciona o fluido para outro conjunto de mangueiras, encarregadas de "sufocar e matar."

- As "mangueiras de sufocação" guiam o fluido através de válvulas no "blowout preventer" (válvulas de segurança antiexplosão), uma peça defeituosa do poço.

- Uma vez dentro do "blowout preventer," o fluido penetra no poço, abaixo do leito marinho. Se a operação tiver sucesso, a "carga hidrostática" (a força exercida por um fluido em descanso) vai resistir e superar o fluxo do óleo, "matando" o poço.

- Se o fluido não bastar para conter o petróleo, é possível injetar uma "dose" de materiais sólidos, como bolas de golfe e retalhos de borracha, para ajudar a colocar mais lama poço adentro.

- O procedimento inteiro pode levar de meio a dois dias.

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Sofrendo crescente pressão do governo dos Estados Unidos para conter o vazamento de petróleo no fundo do Golfo do México, a British Petroleum alertou nesta terça-feira que uma nova tentativa de tapar o poço pode ser adiada ou mesmo abandonada.

Com a ajuda de robôs submarinos, engenheiros pretendem injetar na quarta-feira fluidos pesados (tipo lama) na boca do poço, a 1.600 metros de profundidade, em mais uma complicada manobra para tentar conter o vazamento, que ameaça provocar graves prejuízos ambientais e econômicos.

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Executivos da BP dizem repetidamente que essa tentativa de "sufocar" o vazamento é um processo complexo, nunca antes tentado a tamanha profundidade. Mas o governo Obama, sob pressão popular, está impaciente por resultados imediatos.

Antes de os engenheiros tentarem tampar o poço, cientistas farão testes para assegurar que o procedimento não sairá pela culatra, e que o vazamento não vai se agravar, disse o vice-presidente da BP, Kent Wells, a jornalistas.

"O que aprendermos durante esta fase de diagnóstico será crucial para nós", disse Wells. Na segunda-feira, executivos disseram que a "sufocação" do poço tem apenas 60 a 70 por cento de chances de sucesso.

O vazamento começou em 20 de abril, quando a plataforma que perfurava o poço explodiu e afundou, causando 11 mortes. Desde então, o valor de mercado da empresa na Bolsa de Londres teve uma perda de cerca de 25 por cento, ou 50 bilhões de dólares.

O governo dos Estados Unidos passou semanas fazendo duras críticas à BP e, no domingo, o secretário de Interior, Ken Salazar, sugeriu que a empresa poderia ser afastada da tarefa se não conseguir estancar o vazamento rapidamente.

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Nos últimos dias, no entanto, as autoridades pareceram recuar, já que precisam da tecnologia de águas profundas da BP para tentar consertar o problema, conforme lembrou Carol Browner, consultora de energia e clima do presidente Barack Obama.

A Casa Branca disse que Obama irá na sexta-feira à Louisiana avaliar as atividades, e que o governo já mobilizou mais de 1.200 embarcações e 22 mil funcionários para "uma das maiores reações a um evento catastrófico na história."

O governo também declarou "desastre pesqueiro" na Louisiana, Mississippi e Alabama, os quais por isso poderão se beneficiar de assistência federal.

A BP diz que cerca de 800 mil litros de petróleo vazam por dia do poço, embora alguns cientistas estimem que a cifra pode ser até 20 vezes superior.

A empresa disse nesta terça-feira que, além de tentar "sufocar" o vazamento, está preparando outro método de controle, que consiste em desviar o petróleo para uma tubulação. Se esses métodos imediatos falharem, a alternativa será construir um poço auxiliar, o que iria levar meses.

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A BP afirmou que deverá desligar a transmissão de um vídeo ao vivo que mostra o vazamento enquanto realiza os novos procedimentos.