Enquanto tirava selfies com trabalhadores no Dia do Canadá, no domingo (1), o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, se deparou com algumas perguntas desconfortáveis.
Em um evento para trabalhadores da indústria de aço e alumínio em Regina, no sul do Canadá, uma repórter pediu que Trudeau respondesse às alegações de que havia apalpado uma jovem em um festival de música na província de Colúmbia Britânica, há 18 anos.
O ministro, que se diz feminista e afirma não ter tolerância ao assédio sexual, disse que não se lembra do evento.
"Eu me lembro daquele dia em Creston. Foi um evento da Avalanche Foundation. Aquele foi um bom dia. Não me lembro de nenhuma interação negativa naquele dia", disse ele, balançando a cabeça e sorrindo para repórteres.
As acusações apareceram pela primeira vez em um jornal comunitário chamado Creston Valley Advance, em 2000. Um editorial não assinado sugere que Trudeau, então um professor de 28 anos, apalpou uma jovem repórter da Advance que cobria o Kokanee Summit Festival em Creston, no distrito de Colúmbia Britânica.
Here is a slightly better quality image of an editorial in the August 14, 2000 Creston Valley Advance, a local B.C. paper, which claims Justin Trudeau apologized for "inappropriately handling" (or "groping" in the paper's words) a female reporter. pic.twitter.com/fZ748QqWYX
— ð§ðªðºð·ðð°ð«ð§ðª (@sdbcraig) 7 de junho de 2018
O festival anual estava arrecadando fundos para a Avalanche Foudation, na qual a família Trudeau passou a atuar depois que Michel Trudeau, irmão do primeiro-ministro, morreu em uma avalanche em Kokanee, segundo o National Post. O editorial de Creston não incluiu detalhes do incidente, mas escreveu que a repórter envolvida se sentiu "desrespeitada", e que Trudeau supostamente pediu desculpas no dia seguinte por "lidar inapropriadamente com ela". A resposta ao editorial na época foi "silenciada", disse um ex-editor do jornal.
O nome da repórter envolvida permanece desconhecido. Segundo o National Post, ela não está mais no jornalismo.
A editora da Advance na época disse à Canadian Broadcasting Corp. esta semana que ela se lembra de ter conversado com a repórter envolvida no incidente.
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"Minhas lembranças da conversa foram que ela veio até mim porque estava perturbada com isso", disse ela. "Ela não tinha certeza de como deveria proceder porque é claro que estamos falando de alguém conhecido da comunidade canadense".
O editor da Advance na época, Brian Bell, também disse à rede de notícias canadense CBC que tinha certeza de que o que supostamente ocorreu "definitivamente não era bem-vindo e era definitivamente inapropriado". Ele acrescentou que a repórter "tinha caráter elevado" e que "não há dúvida de que o que foi mencionado e escrito naquele editorial aconteceu".
Histórico
Essas acusações contra Trudeau ressurgiram recentemente quando o comentarista político popular e crítico de Trudeau Warren Kinsella tuitou uma foto do editorial de 6 de junho com a hashtag #MeToo. Sua postagem foi mais tarde replicada por vários jornais, incluindo o conservador Breitbart. Agora, as acusações voltaram a atormentar o líder liberal conhecido por seu histórico em favor dos direitos das mulheres.
Em 2014, como líder do Partido Liberal, Trudeau suspendeu dois parlamentares do sexo masculino que estavam enfrentando acusações de assédio sexual de outras parlamentares. Relatórios posteriores surgiram que Trudeau planejava expulsar permanentemente os dois, mas os eles se demitiram do partido antes de um anúncio oficial ser feito. Mais recentemente, em 2017, o partido de Trudeau propôs nova legislação para combater o assédio no local de trabalho, quando surgiram alegações de má conduta sexual contra alguns dos principais políticos do país.
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Em discussões sobre assédio sexual, o primeiro-ministro frequentemente se refere a seu tempo na Universidade McGill, onde trabalhou como um dos primeiros coordenadores masculinos do centro de agressão sexual da sociedade estudantil. "Eu tenho sido muito, muito cuidadoso por toda a minha vida para ser atencioso, para ser respeitoso com o espaço das pessoas", disse ele à CBC este ano. "Eu não sou novo nisso. Eu tenho trabalhado em questões sobre abuso sexual por mais de 25 anos".
Quando as alegações assedio foram revisitadas pela primeira vez, no início de junho, um porta-voz do escritório do primeiro-ministro, Matt Pascuzzo, reiterou esta mensagem: "Como o primeiro-ministro disse antes, ele sempre teve muito cuidado em tratar todas com respeito. Ele se lembra de estar em Creston naquele dia, mas não acha que ele teve interações negativas lá".
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