O presidente da Bolívia, Luis Arce, foi denunciado nesta terça-feira (8) por uma mulher que diz ter sido vítima de assédio e abuso de poder por parte do chefe de Governo em troca, supostamente, de ser nomeada vice-ministra dos Esportes, algo que acabou não acontecendo. O mandatário boliviano ainda não se pronunciou sobre a acusação.
A mulher, identificada como Yessica V.C., fez a denúncia na sede do Poder Legislativo boliviano, junto com o deputado Héctor Arce Rodríguez, que pertence à ala do Movimento ao Socialismo (MAS) simpatizante do ex-presidente Evo Morales e líder do partido governista.
De acordo com a denúncia, há três anos Yessica teve um relacionamento de seis meses com o presidente Arce em troca, supostamente, de ser nomeada vice-ministra dos Esportes, algo que não aconteceu.
A mulher alegou que teve reuniões com o presidente na sede do governo em La Paz e em outros lugares, e que teria chegado a engravidar e perder o filho após um acidente de motocicleta.
“Somos vítimas que ele [Luis Arce] silenciou com o trabalho e abusou de seu poder, me assediou e me ameaçou”, declarou a mulher.
Já Rodríguez descreveu essa denúncia como “inaceitável” e acusou o Arce de ter “usado sua condição de presidente”, assim como “recursos e bens do Estado, veículos do Estado, escritórios da Casa Grande del Pueblo”, a residência presidencial, para “brincar com os sentimentos da companheira”.
Rodríguez anunciou que nas próximas horas apresentará uma “queixa-crime contra Luis Arce” pelos supostos crimes de “abuso de autoridade, uso indevido de bens e serviços públicos, extorsão, assédio sexual, violência psicológica, suborno passivo e tráfico de pessoas”.
Essa denúncia contra Arce ocorre em meio a investigações contra Morales por suposto tráfico de pessoas e estupro, pelos quais o ex-presidente foi convocado a depor pelo Ministério Público (MP) na quinta-feira (10) na região sul de Tarija, onde o caso teria ocorrido.
Morales alegou ser vítima de uma “perseguição judicial” por parte do governo, enquanto Luis Arce pediu que o caso fosse declarado “em segredo” de Justiça, o que foi aceito pelo MP, e não fosse “politizado”.