O julgamento do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por possíveis práticas de corrupção iniciou neste domingo (24) em um tribunal de Jerusalém. As acusações dos promotores públicos contra o primeiro-ministro são de aceitação de suborno, fraude e quebra de confiança. Se as acusações forem confirmadas, o primeiro-ministro pode pegar até 10 anos de prisão se for condenado por suborno – a acusação mais grave. É a primeira vez que um primeiro-ministro em exercício é julgado.
Em seu discurso, na abertura do julgamento, Netanyahu acusou o sistema de justiça nacional por conspiração por meio de policiais, imprensa e promotores a fim de sua deposição. "O objetivo é depor um primeiro-ministro forte de direita e, assim, remover o campo nacionalista da liderança do país por muitos anos", disse. Ele afirmou que é vítima de uma conspiração através de um caso adaptado por promotores e policias e disse que as provas do processo foram "contaminadas" e "exageradas". Ele foi obrigado a comparecer no julgamento, depois que o pedido de que fosse representado por sua defesa foi negado.
Acusações
Netanyahu é acusado de aceitar presentes luxuosos e de oferecer favores a poderosos magnatas da mídia em troca de uma cobertura favorável sobre ele e sua família. O líder israelense nega as acusações. Ele pediu à Justiça que os processos sejam transmitidos ao vivo pela rede de televisão para garantir "total transparência". "Enquanto a mídia continua lidando com bobagens, com essas falsos e superados casos, continuarei liderando o Estado de Israel e lidando com questões que realmente importam como ressuscitar a economia e continuar salvando as vidas de milhares de israelenses antes da possibilidade de uma segunda onda do novo coronavírus", afirmou.
A defesa de Netanyahu afirmou que vai precisar de dois a três meses para responder às acuações e que precisariam de fundos adicionais para a equipe jurídica. Netanyahu também pode chegar a um acordo judicial a qualquer momento durante todo o processo até que haja um veredicto.
Antes da audiência deste domingo, foram registrados protestos em frente ao tribunal e à residência oficial do primeiro-ministro. Apoiadores de Netanyahu gritavam "Bibi é o rei de Israel" e levantavam cartazes denunciando o procurador-geral que apresentou as acusações contra o primeiro-ministro, enquanto outras centenas de manifestantes o chamavam de "ministro do crime".
O julgamento de Netanyahu deveria ter começado em março, mas foi adiado porque seu ministro da Justiça emitiu restrições aos tribunais em meio à pandemia do novo coronavírus.
O julgamento ocorre após três anos de investigações policiais e deve durar anos, com as etapas processuais iniciais devendo se estender por meses.