A apenas uma semana das primárias na Argentina, o chefe do gabinete de ministros e pré-candidato a governador de Buenos Aires, Aníbal Fernández, foi vinculado ao narcotráfico em uma nova denúncia do programa de tevê de Jorge Lanata, um dos jornalistas mais renomados do país.

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Fernández, segundo testemunhas ouvidas pelo programa, teria sido o autor intelectual do chamado “tríplice crime” na província de Buenos Aires em 2008, atribuído a traficantes de drogas.

O chefe de gabinete e porta-voz do governo é um dos dirigentes mais próximos da presidente Cristina Kirchner. No próximo domingo (9), os argentinos elegerão os candidatos de cada partido tanto para as eleições presidenciais de outubro como para as eleições locais na província mais populosa do país.

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Após o anúncio pelo Canal 13 sobre o conteúdo da edição de domingo do “Jornalismo para todos (PPT)”, Fernández postou um tuíte acusando o programa de tê-lo extorquido há algumas semanas via email. Nesta segunda-feira, ele voltou a usar a rede social para dizer que apresentou uma queixa na Justiça contra o jornalista, o programa e o canal argentino. A produção de “Jornalismo para todos” negou a acusação.

O triplo assassinato ocorreu em agosto de 2008, quando se descobriu os corpos de três jovens empresários em uma vala na região de Buenos Aires. Os corpos de Sebastián Forza, Damián Ferrón e Leopoldo Bina foram achados com vários ferimentos de bala e estavam virados para baixo, com os pés e as mãos amarradas com lacres de plástico — marcas de crimes praticados por narcotraficantes.

O programa “Jornalismo para todos” ouviu Martín Lanatta, condenado à prisão perpétua como um dos quatro autores do crime. Também foram ouvidos a viúva e um irmão de duas das vítimas.

Da cadeia, Lanatta afirmou ter entregue malas de viagem com milhões de dólares a Fernández. Sebastián Forza, uma das vítimas, também teria dado US$ 250 mil ao chefe de gabinete para ajudá-lo a solucionar problemas com a Justiça.

No entanto, Martín Lanatta não forneceu mais provas além de seu testemunho para envolver o chefe de gabinete de ministros ao narcotráfico. Também não explicou de forma convincente por que não fez estas revelações durante o julgamento realizado há três anos.

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Na época, a polícia relacionou o homicídio triplo à chamada “rota da efedrina”. Cartéis colombianos e mexicanos compravam a substância, legal até 2008 na Argentina, para a produção de drogas sintéticas. Segundo os investigadores, Forza e seus sócios chegaram a rivalizar com outro grupo de narcotraficantes argentinos que fornecia a droga a cartéis estrangeiros.

A denúncia jornalística contra Fernández poderia prejudicar sua candidatura a governador da província de Buenos Aires. De acordo com pesquisas, ele está na frente de seu rival, o deputado Julian Dominguez, nas primárias do oficialismo.