Antes do presidente destituído Pedro Castillo tentar um golpe de Estado no Peru e ser preso, ele já era alvo de seis investigações sobre o uso presidência para se beneficiar e sobreviveu a duas tentativas de impeachment em pouco mais de um ano no cargo.
Em outubro, a procuradora-geral peruana Patricia Benavides apontou indícios de irregularidades no governo de Castillo, que teria revertido contratações públicas em benefício próprio. O ex-presidente socialista é suspeito de ter demitido seu ministro do Interior, Mariano González, com o objetivo de suspender uma investigação contra aliados.
Castillo também foi acusado de ser aliado de membros da polêmica organização Movadef, indicada pela polícia como braço político do grupo de guerrilha peruano, algo que eles negam.
Yenifer Paredes, cunhada de Castillo, foi presa em 29 de agosto, acusada de fazer parte dessa rede. Lilia Paredes, ex-primeira-dama peruana, e dois de seus irmãos, Walter e David, também estão sob investigação.
Castillo e sua defesa, formada pelos advogados Benji Espinoza e Eduardo Pachas, negaram repetidamente as acusações. O político nega as acusações que envolvem também sua família e seu círculo mais próximo de colaboradores. Nesse cenário, o ex-presidente foi obrigado a reconfigurar seu gabinete quatro vezes em apenas seis meses.
Apesar de Castillo ter sido destituído após tentar dissolver o Congresso e implantar um "governo de emergência", a popularidade dos congressistas também está em baixa no país, que passa por uma grave crise política. O Congresso peruano enfrenta alta impopularidade também em razão de escândalos de corrupção. A reprovação chega a 86% nas pesquisas. Castillo era rejeitado por 70%.
Quem é Castillo
Professor, Castillo foi eleito presidente do Peru em julho de 2021. Antes disso, foi líder sindical, ganhando destaque nacional em 2017 após liderar uma greve de professores por aumento salarial que durou quase três meses. Ele concorreu às eleições pelo partido de esquerda Peru Livre, prometendo aumentar os salários dos professores.
Castillo se definiu durante sua campanha como um lutador social e disse nas eleições que terminaria os conflitos sociais. O secretário-geral do Peru Livre havia dito anteriormente que ele representava a posição mais antiga da esquerda peruana.
Até 2017, Pedro Castillo fez parte do partido Peru Possível, fundado pelo ex-presidente Alejandro Toledo, que está preso nos Estados Unidos, após o judiciário do Peru ordenar prisão preventiva por envolvimento em subornos com a Odebrecht. As acusações foram negadas por Toledo.
No início deste mês, o Congresso acusou Castillo de ter “incapacidade moral permanente” para governar, pela terceira vez desde que assumiu o cargo. Durante a sessão, também foi aprovada moção para convidar o presidente (agora destituído) a exercer a sua defesa exatamente em 7 de dezembro, dia em que o documento que poderia depor o político seria posto em votação. Essa foi a terceira tentativa de removê-lo do cargo e a quinta de um presidente em exercício nos últimos cinco anos.
O presidente destituído nasceu na cidade de Tacabamba, na província de Chota, no norte do Peru, em 1969. A região, que abriga a maior mina de ouro da América do Sul, é uma das mais pobres do país.
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