Com um histórico de multas e dívidas, a empresa chilena responsável pela administração da mina San José, em Copiacó, na qual estão presos 33 mineiros após um deslizamento de terra em agosto, pode entrar em falência. No começo de setembro, uma advogada foi designada como interventora após um pedido da própria empresa - a Minera San Esteban - para determinar sua viabilidade econômica.
Os mineiros estão presos na mina San José, na região do Atacama chileno, desde 5 de agosto. O governo acredita que o resgate ocorra ainda neste final de semana. Algumas famílias já entraram com queixas na Justiça pedindo indenizações contra os proprietários da mina e contra o Servicio Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin), o organismo técnico que a autorizou a operar.
Em agosto, pouco depois de receber a notícia de que os mineiros presos estavam vivos, a Justiça chilena ordenou a retenção de bens da empresa no valor de US$ 1,8 milhão, dinheiro que a companhia deveria receber da Empresa Nacional de Mineração (Enami) pela venda de cobre.
A mina San José foi fechada em março de 2007, após um acidente que matou um mineiro, mas foi reaberta em maio do ano seguinte. Agora, uma comissão de investigação analisa se houve falhas na fiscalização para a reabertura. "As normas da mineração estão muito atrasadas. Os mineiros de San José desceram com permissão, mas sem fiscalização do terreno. Eles já haviam denunciado que poderia ocorrer uma desgraça", disse Moisés Labraña , vice-presidente da Confederação Mineira do Chile (Confemin). A reportagem do G1 entrou em contato com a empresa San Esteban, que não respondeu ao pedido de entrevista até a publicação desta reportagem.
Logo depois do acidente, o sócio majoritário da San Esteban, Alejandro Bohn, causou furor ao declarar que talvez não pudesse pagar os salários dos mineiros presos e que estaria "tranquilo" quanto à sua responsabilidade no acidente. Bohn disse em entrevistas a jornais que os trabalhadores "estavam treinados e tinham dispositivos de segurança para que, se acontecesse um acidente desse tipo, pudessem ter a proteção necessária."
As autoridades responderam imediatamente às declarações do sócio. O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, declarou que a atitude foi "descarada". Seu colega da Mineração, Laurence Golborne, afirmou na epoca em entrevistas que "quando um informe da Sernageomin no fim de 2007 estabelece uma condição de que se deve ter escadas de emergência [...] e isso não acontece, e, mais ainda, se autoriza a abertura sem que isso tenha sido feito, e não há fiscalização por mais de dois anos, creio que uma pessoa não pode estar tranquila."
Os funcionários da San Esteban protestaram nesta semana contra o não pagamento de seus salários de setembro - eles dizem que só receberam uma verba antecipada. Eles estão sem trabalhar desde o deslizamento de terra, em agosto.
O advogado que representa a San Esteban, Hernán Tuane, disse em entrevistas a jornais locais que "se não tivesse segurança, se não houvesse o refúgio onde os 33 mineiros estão, estariam todos mortos". Segundo ele, foram falhas geológicas que causaram o deslizamento e a segurança foi um "trabalho de excelência".