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A ativista adolescente paquistanesa Malala Yousafzai e o presidente da Marcha Global contra o Trabalho Infantil, o indiano Kailash Satyarthi, ganharam o Nobel da Paz 2014, informou nesta sexta-feira o Comitê Nobel da Noruega.
O prêmio foi concedido pelo Comitê "por sua luta contra a repressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". Com o resultado, Malala, de 17 anos, se torna a mais jovem ganhadora do Nobel.
Nos países mais pobres do mundo, 60% da população é menor de 25 anos, lembrou o júri para afirmar que o respeito aos direitos das crianças e dos jovens é "um pré-requisito para um desenvolvimento global em paz".
No caso de Kailash Satyarthi, o Comitê destacou seu "grande valor pessoal" que, "na tradição de Gandhi", o levou a liderar protestos e manifestações, todas pacíficas, para denunciar a exploração infantil.
"Contribuiu além disso para o desenvolvimento de grandes convenções internacionais dos direitos das crianças", ressaltou, ao argumentar a concessão do Nobel da Paz.
No caso de Malala Yousafzay, que já aparecia como uma das favoritas para ganhar o prêmio em 2013, o Comitê ressaltou que, "apesar de sua juventude, já lutou por vários anos pelo direito das meninas à educação e mostrou com seu exemplo que crianças e jovens também podem contribuir para melhorar a sua própria situação".
"Ela fez isso nas mais perigosas circunstâncias. Através de sua luta heroica, se transformou em uma porta-voz e líder a favor do direito das meninas à educação", acrescentou o júri.
Ao premiar um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa, o Comitê também apostou em uma "luta conjunta a favor da educação e contra os extremismos".
Também foi lembrada a importância do trabalho de todas as pessoas e organizações que atuam contra a exploração infantil. Segundo os números divulgados, é estimado que haja cerca de 168 milhões de crianças que trabalham no mundo, 78 milhões a menos que no ano 2000.
Nascido em 1954 em Vidisha, na Índia, país onde ainda reside, Kailash Satyarthi é presidente da ONG Marcha Global contra o Trabalho Infantil. Liderou em 1998 uma mobilização civil contra o exploração infantil que reuniu cerca de 7,2 milhões de pessoas e que deu lugar ao nascimento da ONG.
A paquistanesa Malala Yousafzay, nascida em 1997, em Mingora, ficou gravemente ferida há dois anos quando o ônibus escolar em que era transportada foi atacado. Foi transferida para o Reino Unido devido ao temor por sua segurança e foi submetida a várias intervenções.
Malala se tornou nos dois últimos anos um ícone da luta pelos direitos das meninas à educação e foi escolhida em 2013 pela revista Time uma das pessoas mais influentes do mundo.
Nobel em 2014
O prêmio Nobel da Paz foi a quinta categoria a ser concedida este ano.
A atual edição do Nobel começou na segunda-feira (6) com a concessão do prêmio de Medicina para o americano John O'Keefe e o casal norueguês May-Britt Moser e Edvard Moser, pela descoberta das "células que constituem o sistema de posicionamento do cérebro".
Na terça-feira (7), foi a vez do Nobel de Física, que foi para três cientistas japoneses e sua pesquisa que levou ao diodo emissor de luz (LED, da sigla em inglês) azul. Com a descoberta, foi possível desenvolver a lâmpada de LED, mais econômica e ambientalmente sustentável que as incandescentes ou que as fluorescentes.
Na quarta-feira (8), foi entregue o Nobel de Química, que foi para uma pesquisa de dois americanos e um alemão que permitiu avanços em microscopia.
Já na quinta-feira (9), o romancista francês Patrick Modiano foi agraciado com o Nobel de Literatura.
Na segunda-feira (13), será divulgado o prêmio do Nobel de Economia, o último desta no.
Além do reconhecimento por seus trabalhos, os premiados em cada categoria receberão 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão).
A entrega dos prêmios será realizada, como estabelece a tradição, no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, em Estocolmo, para os vencedores das categorias Medicina, Física, Química, Literatura e Economia. O Nobel da Paz será entregue no mesmo dia, mas em Oslo, na Noruega.