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Karinna Moskalenko é co-fundadora de uma ONG dedicada à investigação de desaparecidos na Chechênia | Johanna Leguerre/AFP
Karinna Moskalenko é co-fundadora de uma ONG dedicada à investigação de desaparecidos na Chechênia| Foto: Johanna Leguerre/AFP

Conflito no Cáucaso

Negociações são suspensas

Genebra - As negociações entre Geórgia e Rússia, coordenadas pela União Européia após o cessar-fogo que colocou fim à guerra entre os dois países em agosto, quase fracassaram ontem, quando uma reunião para tratar do tema foi interrompida em Genebra. Observadores minimizaram o problema. As conversas devem ser retomadas dia 18 de novembro.

Agência Estado

Paris - A advogada russa Karinna Moskalenko, que representa a família da jornalista assassinada Anna Politkovskaya e diversos oposicionistas em seu país, foi hospitalizada na França com suspeita de envenenamento e faltou ontem à audiência de instrução do processo sobre a morte de Politkovskaya em Moscou.

Cápsulas de mercúrio, um metal tóxico, foram encontradas no carro da família Moskalenko no domingo, segundo relatos feitos à polícia de Estrasburgo, cidade francesa onde funciona o Corte Européia de Direitos Humanos (CEDH).

"Alguém colocou aquilo ali, mas não sei quem pode ter feito isso ou qual seu objetivo’’, disse Moskalenko. Ela foi hospitalizada para exames ontem com os três filhos, que tiveram dores de cabeça e enjôo.

Co-fundadora de uma ONG dedicada à investigação dos desaparecimentos forçados na Chechênia, região separatista russa de maioria muçulmana, e à defesa dos direitos dos detidos na Rússia, a advogada passa grande parte do tempo em Estrasburgo, onde já apresentou dezenas de casos contra o país na CEDH.

Moskalenko representa familiares de vítimas da tomada dos reféns do teatro Dubrovka de Moscou (2002) e da escola de Beslan (2004), episódios ligados à insurgência chechena. Advogou também para opositores célebres, como o bilionário Mikhail Khodorkovsky, ex-presidente da gigante petrolífera Yukos, hoje encarcerado, e o enxadrista Garry Kasparov.

Casos de envenenamento de dissidentes atraíram a atenção internacional durante a Presidência de Vladimir Putin, atual premier russo. No final de 2006, o ex-espião Alexander Litvinenko foi assassinato em Londres por envenenamento com polônio 210, uma substância radiotiva rara e altamente letal.

Julgamento

Sem a presença de Moskalenko e do acusado de atirar contra a jornalista, Rustam Makhmudov, que está foragido, foi realizada ontem a primeira audiência de instrução do caso Politkovskaya. Ninguém foi apontado como autor intelectual do crime.

Conhecida pela oposição às ações do Kremlin da Chechênia, a jornalista foi morta em 2006 com três tiros no peito e um na cabeça. Na época, Putin afirmou que ela não tinha "nenhuma influência na vida política’’ e seu assassinato provocava "mais dano (ao governo) do que os textos que publicava’’.

Contrariando o desejo da família de Politkovskaya, a audiência de ontem ocorreu a portas fechadas. Os acusados são dois irmãos de Makhmudov e um ex-policial moscovita, Sergei Khadzhikurbanov.

O quarto investigado, um agente do serviço secreto acusado, não foi indiciado, mas terá de depor no processo. Seu envolvimento embasou a decisão de julgar o caso em um tribunal militar.

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