O aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, recupera a normalidade de seu funcionamento, após um dia marcado pelo acidente aéreo de um avião Boeing 737 da Turkish Airlines que deixou nove mortos e dezenas de feridos.
Fontes do aeroporto indicaram que o tráfego aéreo está praticamente recuperado, apesar de 18 voos terem sido cancelados e outros 35 terem sido desviados a Roterdã ou Bruxelas ao longo do dia. Os trabalhos da equipe de investigação serão retomados na quita-feira (26) no local do acidente, porque devem ser realizados à luz do dia, segundo o porta-voz do Ministério Fiscal, Bob Steensma.
Os detalhes sobre as vítimas também serão divulgados nesta quinta-feira, segundo o prefeito de Haarlemmermeer, Theo Weterings.
O acidente aconteceu às 6h30 (de Brasília), quando o avião realizava a manobra de aterrissagem. Segundo testemunhas, o aparelho parecia planar no ar e, depois de perder velocidade, caiu e se partiu em três em um terreno ao lado da pista.
Tragédia evitada
O ministro turco dos Transportes, Binali Yildirim, disse que o fato de o avião da Turkish Airlines ter caído em uma superfície macia e pantanosa evitou uma tragédia maior nesta quarta-feira (25) na Holanda.
O avião de passageiros da Turkish com 134 pessoas a bordo caiu em um campo próximo ao aeroporto internacional de Schiphol, a cerca de 20 km do centro de Amsterdã, matando 9 pessoas e ferindo 50, segundo as autoridades holandesas.
"O fato de que o avião pousou em uma superfície macia e de que não houve incêndio depois do impacto ajudou a manter baixo o número de vítimas fatais", disse o ministro. "Foi um milagre."
A informação sobre o fato de o solo macio ter amenizado o impacto foi confirmada por especialistas ouvidos pela Associated Press.
Pelo menos 25 dos feridos - entre passageiros e tripulantes - estão em estado grave, de acordo com Michel Bezuijen, prefeito em exercício da cidade de Haarlemmermeer, onde fica o aeroporto - quinto maior da Europa em volume de passageiros.
De acordo com ele, os motivos do acidente ainda não estão claros. As condições meteorológicas no momento do desastre eram boas, com leve neblina.
Mais cedo, o ministro turco e a empresa aérea chegaram a negar a existência de mortos no acidente.
Candan Karlitekin, chairman da empresa, disse que havia 127 passageiros -inclusive um bebê de colo - e sete tripulantes a bordo. Inicialmente, o aeroporto havia informado que 135 pessoas estavam na aeronave.
A empresa divulgou a lista de passageiros do avião e informou que vai transportar os parentes de vítimas que estão na Turquia até a Holanda. De acordo com a embaixada turca na Holanda, os passageiros seriam 72 turcos e 32 holandeses.
Não há informações sobre brasileiros a bordo.
Segundo Karlitekin, a aeronave não tinha problemas de manutenção.
O acidente ocorreu às 9h31 locais (6h31 de Brasília) desta quarta, durante uma tentativa de pouso, próximo ao aeroporto. O avião, um Boeing 737-800, voo TK 1951, vinha da cidade turca de Istambul e partiu-se em três pedaços. Os motores foram parar a cerca de 100 metros da fuselagem.
"A aeronave caiu em um campo fora do perímetro do aeroporto", disse uma autoridade de Schiphol. "Todas as operações de resgate estão a pleno vapor no momento."
Imagens da TV holandesa mostram o avião no solo, com a fuselagem rompida próximo à cauda e rachada perto da cabine dos pilotos. O avião não pegou fogo.
O sobrevivente Huseyin Sumer disse à rede CNN Turk por telefone: "O avião partiu em três pedaços. Nós estamos ligando para as pessoas para dizer que a situação não é muito grave, mas pode haver mortos na parte frontal do avião".
Outro sobrevivente disse à imprensa local que tudo aconteceu muito rápido, em cerca de dez segundos, e que a tripulação só teve tempo de pedir que os passageiros apertassem os cintos de segurança.
Bombeiros e cerca de 30 ambulâncias foram ao local para prestar socorro às vítimas. Cerca de 50 passageiros deixaram andando a aeronave logo depois da queda, com a ajuda das equipes de resgate.
Os feridos foram levados a hospital em Amsterdã e Haarlem.
A imprensa local disse que o piloto e o co-piloto estão entre os mortos, mas não há confirmação oficial. Quatro americanos que trabalhavam para a fabricante Boeing também estariam a bordo.
O tráfego aéreo chegou a ser paralisado no aeroporto por conta do acidente, mas já foi retomado.
Acidentes aéreos na Holanda
O acidente é o pior da história do país desde outubro de 1992 quando um avião de carga da El Al caiu sobre um bloco de prédios residenciais em um subúrbio de Amsterdã, matando 43 pessoas - 39 delas no solo. O avião envolvido naquele acidente foi um Boeing 747 que caiu sobre os prédios, provocando um grande incêndio, depois de ter pane em dois motores logo após a decolagem.
Em dezembro de 1997, um Boeing-757 da Transavia caiu em um voo para as Ilhas Canárias. Havia 205 passageiros e 8 tripulantes a bordo, e vários ficaram feridos.
O acidente foi o 11º envolvendo areonaves da Turkish nos últimos dias, segundo o Instituto de Segurança do Transporte Aéreo NLR, em Amsterdã. Nos anos 70, desastres envolvendo a companhia provocaram 608 mortes em dois anos.