O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, anunciou pela primeira vez um cessar-fogo sem precondições com o grupo terrorista Talibã nesta quinta-feira (7), coincidindo com o fim do mês de jejum da religião muçulmana, o Ramadã, mas excluiu outros grupos militantes como o Estado Islâmico.
A trégua deve seguir as festividades do Eid al-Fitr, que marcam o fim do Ramadã, que acontecerá por volta do próximo dia 20.
O anúncio inesperado ocorre em um momento delicado para Ghani e seus apoiadores ocidentais, enquanto forças afegãs lutam para demonstrar sua força contra um Talibã encorajado, que controla vastas áreas do Afeganistão rural e lançou uma campanha cada vez mais sangrenta de ataques terroristas em áreas urbanas. No mês passado, os militantes invadiram partes da capital da província de Farah, no oeste do Afeganistão.
A decisão sobre o cessar-fogo foi tomada após reunião de clérigos islâmicos de todo o país na semana passada, quando foi declarada uma fátua, ou uma ordem religiosa, contra atentados suicidas. Durante o encontro, um homem-bomba matou 14 pessoas. O ataque terrorista foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
"As guerras em curso no Afeganistão não têm qualquer fundamento. As únicas vítimas são os afegãos. Não têm qualquer valor religioso, ou humano", afirmaram os religiosos, acrescentando que "apoiá-las, ou financiá-las, é contrário à sharia", a lei islâmica.
Os clérigos também recomendaram um cessar-fogo com o Talibã, que está tentando restaurar a rígida lei islâmica após sua derrubada do poder em 2001, e Ghani apoiou a recomendação, anunciando que irá abaixar as armas.
Desde que foi eleito, em 2014, o presidente já tinha proposto em outras ocasiões um cessar-fogo ao grupo, mas é a primeira vez que ele não faz precondições para iniciar a trégua.
Ghani propôs o início de uma negociação de paz ao Talibã no final de fevereiro, mas os insurgentes não responderam.