Ataques no Afeganistão são atribuídos à rede Haqqani
A rede Haqqani, um grupo rebelde ligado ao Taleban e Al-Qaeda, foi responsável pela série de ataques simultâneos lançada no domingo (15) em diferentes pontos do Afeganistão, segundo a confissão de um militante detido, informou nesta segunda-feira (16) um alto oficial da segurança afegã.
Os ataques, que duraram 18 horas, causaram a morte de 36 insurgentes, oito policiais e três civis, de acordo com o ministro afegão do Interior, Besmillah Mohammadi.
Embora o número de mortos tenha sido relativamente pequeno em relação a ataques anteriores, a ousadia da ofensiva, que atingiu a capital, Cabul, e pelo menos quatro províncias do país, mostrou que os militantes estão longe de serem derrotados e ainda comprometem a segurança afegã após dez anos de guerra. Sinalizou também o desafio que o governo afegão enfrentará à medida que as tropas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se preparam para deixar o país até o final de 2014. As informações são da Associated Press.
Os violentos combates entre militantes do Taleban e forças de segurança nas ruas do centro de Cabul terminaram nesta segunda-feira (16), após 18 horas de tiroteios, explosões e disparos de foguetes, segundo autoridades. Os confrontos, que começaram por volta do meio-dia (hora local) de domingo (15), se espalharam durante a noite por bairros centrais da capital afegã. O Ministério da Defesa disse que 32 insurgentes foram mortos nos ataques, que paralisaram o bairro governamental da cidade. Houve combates também em três outras províncias afegãs, no que o Taleban disse ser o início de uma ofensiva de primavera. Um combatente foi capturado. "Em apenas um curto período conseguimos estancar seus planos diabólicos, e todos os 32 insurgentes foram mortos. Eles portavam trajes suicidas, mas não conseguiram fazer nada exceto serem mortos", disse o chefe de operações do ministério, Afzal Aman. O presidente afegão, Hamid Karzai, afirmou nesta segunda-feira que a enorme ofensiva do Taleban em Cabul e em outras províncias mostrou uma falha nos serviços de inteligência, e especialmente os da Otan. Em sua primeira declaração sobre os ataques, Karzai também disse que as forças de segurança afegãs se mostraram capazes para defender e garantir segurança ao país Mas o incidente ilustra a capacidade dos militantes de atacaram alvos valiosos no coração da capital, mais de dez anos depois de o regime islâmico do Taleban ter sido derrubado por grupos locais apoiados por forças estrangeiras. Ele representa também um revés para o presidente dos EUA, Barack Obama, que gostaria de usar a campanha contra o Taleban - e o plano para retirar as tropas de combate do Afeganistão até o final de 2014 - como trunfos na sua campanha a reeleição, neste ano. Mortes Quatro insurgentes morreram atacando o Parlamento afegão e seis foram mortos em um prédio em construção, bombardeado pela Otan depois de ter sido ocupado pelos militantes para dispararem rifles e granadas de propulsão na direção do bairro diplomático de Cabul. Houve também quatro mortes na zona leste da capital, e nove num ataque a um quartel da Otan em Jalalabad (leste), segundo Aman. Três soldados afegãos morreram e dez ficaram feridos nos combates, que só terminaram ao alvorecer, com a intervenção de forças especiais. Oito policiais foram mortos e 36 ficaram feridos em confrontos em Cabul e nas províncias. A ofensiva, que começou com ataques a embaixadas, um supermercado, um hotel e o Parlamento, foi uma das mais sérias na capital em mais de dez anos de guerra. Karzai ficou entrincheirado no palácio presidencial. O Taleban assumiu a responsabilidade pela ofensiva, mas algumas autoridades disseram que provavelmente houve envolvimento também da rede Haqqani, composta por militantes tribais da etnia pashtun, aliados do Taleban, que vivem na região da fronteira com o Paquistão. Um porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, disse à Reuters que a ofensiva foi planejada durante meses, em vingança contra vários incidentes envolvendo tropas dos EUA no Afeganistão - incluindo a queima de exemplares do Alcorão num quartel da Otan, e o massacre de 17 civis por um soldado norte-americano. Ele prometeu que haverá mais ações.