Os serviços afegãos de inteligência confirmaram neste domingo que o mulá Akhtar Mansur, líder talibã, morreu em um ataque de drone americano no Paquistão.
“Mansur era vigiado de perto há tempos, até que foi atacado, juntamente com outros combatentes a bordo de um veículo, no Baluquistão”, província do sudoeste do Paquistão, indicou a Direção Nacional de Segurança.
Esta é a primeira confirmação oficial da morte do mulá Mansur, que comandava o talibã desde o verão boreal de 2015, após o anúncio da morte do mulá Omar, fundador do movimento islamita.
O talibã não se pronunciou sobre a morte de Mansur. O Paquistão tampouco reagiu ao ataque americano.
“Mansur representava uma ameaça iminente aos funcionários dos Estados Unidos, civis afegãos e forças de segurança afegãs”, disse o secretário de Estado americano, John Kerry, em Mianmar. “Ele era diretamente contrário às negociações de paz.”
Segundo uma fonte do Pentágono, o presidente americano, Barack Obama, autorizou o ataque, realizado com um conjunto de drones operados remotamente pelas Forças de Operações Especiais americanas.
“Os Estados Unidos sempre defenderam que o processo de reconciliação dirigido pelos afegãos era a forma mais segura de garantir a paz, que é o que desejamos. Mansur era uma ameaça à paz”, disse Kerry.
Desde o fim da missão de combate da Otan no Afeganistão, as forças americanas, teoricamente, desempenham apenas um papel de conselho e assistência junto às forças afegãs.
Contra negociação de paz
Mulá Akhtar Mansur liderava a rebelião islamita desde julho de 2015, após o anúncio da morte de seu antecessor, o misterioso mulá Omar.
Considerado, inicialmente, favorável às negociações de paz com o governo afegão, Mansur, uma vez convertido em chefe do talibã, recusou-se a se sentar à mesa de negociações.
Para observadores, Mansur era a opção evidente para suceder o mulá Omar. As origens de ambos os líderes se cruzavam. Os dois nasceram no começo dos anos 1960, na província de Kandahar, no coração do país pashtun e origem da rebelião talibã que governou o Afeganistão de 1996 a 2001.
Assim como Omar, que fugia de câmeras, entrevistas e aparições públicas, seu sucessor apareceu em muito poucas fotos. Nestas, podia-se ver um homem de barba preta espessa e turbante.
Mansur passou boa parte de sua juventude no Paquistão, como milhões de afegãos que fugiam da guerra. Ao longo do tempo, criou vínculos com o serviço secreto paquistanês, o ISI, acusado regularmente por Cabul de ter criado e alimentado a rebelião talibã.
Em meados dos anos 1990, quando o talibã controlava a maior parte do Afeganistão, tornou-se ministro da Aviação Civil no governo dos islamitas.
Voltou a fugir para o Paquistão em 2001, quando o talibã foi expulso do poder em uma intervenção militar internacional liderada pelos Estados Unidos após os atentados do 11 de Setembro.
- Sem a aura religiosa - Mansur não teve a aura religiosa de Omar, designado “emir dos fiéis” em 1996, após sua nomeação como líder, o que lhe conferia maior legitimidade entre os combatentes.
Não obstante, soube transitar entre os diferentes setores que compõem o movimento talibã: a shura de Quetta (direção do talibã no Paquistão) os membros instalados no Catar e os comandantes no Afeganistão.
Conseguiu, inclusive, passar à frente do mulá Yaqub, um dos filhos de Omar, que, para muitos, era o favorito à sucessão, apesar de ter apenas 26 anos.
O começo de Mansur como chefe foi complicado. Foi acusado de traição, por ter escondido por mais de um ano a morte de Omar ou por não respeitar o processo normal de sucessão.
Mas Mansur conseguiu consolidar-se rapidamente no poder. Sob seu comando, o movimento talibã ganhou força, obrigando as forças do governo a evitar uma expansão da rebelião.
O talibã tomou brevemente, em setembro, o controle da cidade de Kunduz, norte do Afeganistão, sua maior vitória em 14 anos de rebelião. Também realizou atentados contra embaixadas e prédios da ONU e da Otan no centro de Cabul e arredores.
Em mensagem recente, Mansur convocou o talibã a se preparar para “ataques decisivos” em sua habitual ofensiva de primavera.
Os serviços afegãos de inteligência confirmaram neste domingo que o mulá Mansur morreu em um ataque de drone americano no Paquistão.
“Mansur era vigiado de perto há tempos, até que foi atacado, juntamente com outros combatentes a bordo de um veículo, no Baluquistão”, província do sudoeste do Paquistão, indicou a Direção Nacional de Segurança.
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