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Afeganistão conta votos, mas ataque reacende violência

Os primeiros resultados parciais da eleição presidencial do Afeganistão, divulgados nesta terça-feira, mostram uma acirrada disputa entre o atual presidente, Hamid Karzai, e seu principal opositor, o ex-chanceler Abdullah Abdullah, indicando que o país caminha para um segundo turno.

O Afeganistão mergulhou num limbo político desde a eleição da última quinta-feira, já que tanto Karzai como Abdullah proclamam vitória. Abdullah e outros candidatos acusam Karzai e autoridades do país de fraude.

As eleições são um grande teste para Karzai, depois de oito anos no poder, e para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que enviou milhares de soldados ao país, como parte de sua estratégia para derrotar o Taliban e estabilizar o Afeganistão.

Mas a relativa trégua na violência foi abalada nesta terça-feira com a explosão de um caminhão-bomba em Kandahar, berço do Taliban. O ataque, reivindicado pelo Taliban, matou ao menos 30 pessoas e feriu outras 57, de acordo com o governador da província.

Uma testemunha da Reuters disse que a explosão incendiou um restaurante e arrasou uma loja e três casas.

O ataque também causou a explosão de vários carros, induzindo uma fonte de segurança a inicialmente dizer que houve uma série de detonações simultâneas. O ataque ocorreu perto de prédios que abrigam um projeto canadense, uma empresa japonesa e forças de segurança do Afeganistão.

Enviado dos EUA pede cautela

Os resultados, baseados na apuração de 10 por cento dos votos, dão a Karzai uma pequena vantagem de 41 por cento contra 39 por cento para Abdullah, seu ex-ministro de Relações Exteriores -- uma diferença de cerca de 10.000 votos em um total de aproximadamente 524.000 votos válidos contados.

O enviado dos EUA, Richard Holbrooke, fez um apelo por cautela, dizendo que resultados preliminares iludem.

"Não se pode apontar um resultado com 10 por cento dos votos... é muito cedo para definições", disse Holbrooke, que deixou o Afeganistão na segunda-feira e falou com a imprensa na Turquia.

Os resultados também indicam um comparecimento decepcionante. Foram apenas cerca de 5 milhões de votos em um país de aproximadamente 30 milhões de habitantes e um número estimado de 15 milhões de pessoas em condições de votar.

Combatentes do Taliban lançaram ataques e ameaçaram desencadear represálias contra eleitores durante a votação de quinta-feira, o que afastou muitos afegãos das urnas, especialmente no sul, a região com mais violência.

"Não permitiremos que uma grande fraude decida o resultado. Não há dúvida de que uma fraude promovida pelo governo está se desenrolando", disse Abdullah a repórteres antes de os resultados serem liberados pela Comissão Eleitoral Independente.

Abdullah disse não ter nenhum plano de fechar um acordo com Karzai e assim abandonar sua postulação à Presidência.

"Não farei acordo nenhum com ninguém. Vou defender os meus votos", disse ele. Indagado sobre se a disputa eleitoral pode degenerar em violência, ele acrescentou: "Espero que não".

Karzai não foi localizado de imediato para comentar essas declarações e os resultados.

Autoridades eleitorais têm prevenido contra conclusões antecipadas sobre o resultado final com base na pequena amostra inicial de votos apurados. Eles prometem apresentar atualizações diariamente, mas a contagem final não deve sair antes de 3 de setembro.

Mais atrás na apuração estão Ramazan Bashardost, da minoria étnica hazara, que empreendeu uma campanha quixotesca de uma tenda instalada perto do Parlamento, com 11 por cento, seguido do ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani, com 3 por cento.

Mais de 30.000 soldados dos EUA chegaram este ano ao Afeganistão, a maioria como parte do reforço ordenado por Obama para conter a crescente insurgência do Taliban.

Estão no país agora 100.000 soldados de nações ocidentais, dos quais 63.000 são norte-americanos.

Quatro soldados norte-americanos foram mortos em ataques a bomba no sul, disseram militares dos EUA e da Otan nesta terça-feira.

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