O Afeganistão anunciou que vai aceitar a instalação de uma representação do Taleban no Catar, na esperança de que isso contribua com um processo de paz, mas nenhum governo estrangeiro poderá se envolver no assunto sem o consentimento das autoridades afegãs.
O Alto Conselho da Paz do Afeganistão disse, em nota dirigida às legações estrangeiras, que estabeleceu regras para os contatos com o Taleban. O governo vinha manifestando a preocupação de que os Estados Unidos e o Catar, com a ajuda da Alemanha, teriam secretamente concordado com que o Taleban abrisse uma representação em Doha, capital do país.
A nota diz que as negociações com o Taleban só vão começar quando o grupo islâmico parar de atacar civis, romper seus vínculos com a Al Qaeda e aceitar a Constituição afegã que garante direitos e liberdades para os civis, incluindo os direitos femininos.
O conselho, segundo uma cópia do comunicado de 11 itens ao qual a Reuters teve acesso, disse também que um eventual processo de paz com o Taleban precisaria ter o apoio do Paquistão, já que há membros do grupo insurgentes instalados nesse país.
"A República Islâmica do Afeganistão está de acordo quanto à abertura de um escritório para a oposição armada, mas só para avançar o processo de paz e conduzir negociações", disse a nota.
Uma fonte do governo disse que o Afeganistão preferiria que o escritório fosse instalado na Arábia Saudita ou Turquia, mas que o Catar acabou sendo uma opção aceitável. "A única condição é que seja um país islâmico", disse a fonte.
Na semana passada, o governo afegão retirou seu embaixador de Doha, aparentemente num protesto por não ter sido informado sobre os contatos de governos estrangeiros com o Taleban.
Outro motivo de irritação foram os relatos de que, como prelúdio às negociações, os Estados Unidos cogitariam transferir um pequeno número de presos afegãos da base naval de Guantánamo, em Cuba, para Doha.
"Somos um país soberano, temos leis", disse a fonte afegã. "Como é possível transferir nossos prisioneiros de um país para outro? Já é uma violação tê-los na baía de Guantánamo."
Esse funcionário reiterou que o Afeganistão quer ter sob sua custódia cidadãos afegãos presos pelos EUA.
Os EUA buscam estabelecer negociações com o Taleban porque pretendem retirar a maior parte das suas tropas do Afeganistão até 2014. Mas vários atentados recentes do grupo islâmico contra alvos afegãos deixaram o governo receoso em estabelecer um processo de paz.
O Taleban não aceita a Constituição afegã e promete continuar lutando até que todas as tropas estrangeiras tenham deixado o país.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura