O presidente afegão Hamid Karzai exigiu, neste sábado (8), que o Reino Unido entregue nas próximas duas semanas mais de 80 prisioneiros de guerra que estão sendo mantidos em uma base britânica no sul alegando que as prisões contrariam as lei afegã e ferem a soberania do país. A questão de transferência de prisioneiros é um fator estressante nas relações entre Karzai e seus apoiadores ocidentais e se tornou mais relevante no momento em que a força internacional liderada pela Otan se prepara para retirar a maioria das suas tropas até o fim do ano que vem.
No mês passado, uma firma de advogados britânica disse que a detenção de até 85 afegãos por 14 meses no Campo Bastion, na província de Helmand, controlado pelo Reino Unido, era uma brecha nas leis britânicas e internacionais. O governo britânico citou preocupações com a forma como o Afeganistão trata os detidos e negou a alegação.
Segundo um comunicado do porta-voz de Karzai, Aimal Faizi, o conselheiro de segurança nacional do presidente Rangin Datfar Spanta reuniu-se com a embaixada britânica em Kabul e pediu que os prisioneiros sejam entregues até dia 22 de junho. "Se as forças britânicas mantiverem a detenção de cidadãos afegãos, será uma violação de nossa soberania nacional e das leis do nosso país", disse Faizi.
Oficiais britânicos em Londres não comentaram imediatamente. Grupos de direitos humanos estrangeiros ocasionalmente acusam o estado afegão de torturar e abusar de prisioneiros, enquanto Kabul diz que as nações ocidentais se apoiam em princípios legais questionáveis para prender afegãos sem passar por um tribunal do Afeganistão.
Inúmeros países lutando a guerra liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão continuam mantendo prisioneiros afegãos. A Austrália, no mês passado, disse que opera na província sulita de Uruzgan, anunciou que estava suspendendo a transferência de prisioneiros para um campo afegão por causa de alegações de mau tratamento. Em novembro, o secretário de defesa britânico Philip Hammond baniu a transferência de suspeitos para forças afegãs pelos mesmos motivos.
Ele acrescentou que os detidos eram suspeitos de assassinar tropas britânicas e plantar bombas nas estradas.