Maior exportador mundial de derivados do ópio, o Afeganistão agora é também um dos maiores consumidores mundiais do narcótico e seus derivados, como a heroína, informou ontem um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
Cerca de 2,7% da população adulta (15 a 64 anos) consomem opiáceos regularmente, mas os números gerais podem ser ainda maiores, devido ao registro baixo entre mulheres e crianças, segundo estudo do Escritório das Na ções Unidas para Drogas e Crimes (UNODC).
O estudo coloca o Afeganistão no mesmo nível em que o Irã, que atingiu o topo do ranking do consumo de opiáceos, com níveis variando entre 1,5 e 3,2% da população. A Rússia vem em seguida, com 1,64% da população. A média mundial é de 0,3%.
Desde o estudo anterior, em 2004, o número de usuários de ópio no Afeganistão subiu 53% e o número de usuários de heroína, 140%.
Três décadas de conflitos arrasaram a agricultura tradicional do Afeganistão, e levaram muitos fazendeiros a buscar lucro fácil na produção de papoula.
Os resultados mostram que o consumo de drogas tem crescido abruptamente nos últimos anos no Afeganistão e desanimam os doadores ocidentais, que buscam estabilizar o país antes da retirada das tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em 2011.
"Enfrentamos uma tragédia nacional", disse Ibrahim Azghar, vice-ministro afegão para estratégia e planejamento de drogas.
O Afeganistão é responsável pela produção de 90% do ópio do mundo, principal ingrediente para a heroína, e é o líder global na produção de haxixe.