As autoridades afegãs ordenaram nesta quarta-feira (20) a expulsão do correspondente do jornal New York Times, após a publicação de uma reportagem sobre a suposta ameaça de dirigentes locais de assumir o poder para acabar com a crise eleitoral.
As autoridades proibiram na terça-feira (19) Matthew Rosenberg - correspondente há três anos em Cabul do jornal americano - de abandonar o país, após a publicação da matéria sobre a eleição presidencial afegã.
O Departamento de Estado e o jornal criticaram a decisão, que as autoridades afegãs inverteram ao anunciar uma ordem de expulsão do jornalista no prazo de 24 horas.
O Afeganistão está em um momento de bloqueio político desde a eleição presidencial - primeiro turno em abril, segundo turno em junho -, e ainda não foi possível determinar o vencedor entre os candidatos Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani.
Ambos se comprometeram com o secretário de Estado americano, John Kerry, a aceitar um governo de união nacional, independente do vencedor após uma recontagem dos votos, que está em curso.
Rosenberg publicou na terça-feira uma reportagem na qual afirma que "poderosas figuras governamentais" vinculadas às forças de segurança "ameaçam" formar um governo interino se o país não superar rapidamente a crise política.
"O New York Times publicou vários artigos do mesmo tipo com base em fontes governamentais que pedem anonimato", anunciou o Ministério Público afegão, para justificar a expulsão.
Segundo o NYT, Matthew Rosenberg, de 40 anos, foi convocado na terça-feira pelas autoridades para revelar as fontes, o que se recusou a fazer.
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