Os afegãos enfrentaram os foguetes do Taleban e atentados a bomba em locais de votação neste sábado (18) para escolher um novo Parlamento, em uma eleição que é tida como uma avaliação da competência do governo e do seu compromisso com a democracia.
Pelos menos três civis foram mortos e o governador da província de Kandahar sobreviveu a um ataque, segundo autoridades do governo. Cerca de 2,5 mil candidatos estavam concorrendo a 249 cadeiras no Parlamento.
Essa foi a primeira eleição de âmbito nacional desde a reeleição do presidente Hamid Karzai no ano passado, em uma votação marcada por várias denúncias de fraude, o que prejudicou o apoio internacional ao político. A segurança no Afeganistão piorou desde então, e o Taleban fez diversas ameaças contra as eleições deste sábado.
Desde o começo do dia aconteceram ataques em todo o país. Antes do amanhecer, um foguete atingiu Cabul, seguido de ataques nas maiores cidades das regiões leste e sul. Na província de Baghlan no norte, um foguete matou duas pessoas, segundo um porta-voz da polícia, Kamen Khan. Outra pessoa foi morta após um ataque de rebeldes em uma casa na província de Kunar, de acordo com informações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os rebeldes também promoveram ataques a locais de votação e entraram em confronto com as forças de segurança, que mataram pelos menos cinco insurgentes.
Uma bomba atingiu a comitiva do governador de Kandahar, Tooryalai Wesa, enquanto o comboio passava por um centro de votação, mas ninguém ficou ferido, segundo o policial Abdul Manan. Wesa conclamou os moradores da província a participarem da eleição. "Não há nada a temer. O inimigo quer que a eleição fracasse, então, se vocês querem que os rebeldes saiam das nossas terras, vocês precisam votar".
Na província de Kunduz, rebeldes tentaram atacar as forças de segurança na cidade de Gortepa. Mas o exército do Afeganistão revidou e matou cinco terroristas, feriu outros dois e prendeu um, disse Mohammad Ahmadzai, porta-voz da polícia na região.
O presidente Karzai votou em uma escola em Cabul. Ele disse esperar que os eleitores não fossem impedidos de votar pelos ataques. "As eleições vão fazer o país dar vários passos em direção a um futuro melhor", comentou.
Autoridades da área de segurança do governo classificaram os ataques como insignificantes, afirmando que 92% dos locais de votação foram abertos. "Não há relatos de grandes incidentes", disse o presidente da Comissão Eleitoral, Fazel Ahmad Manawi. Entretanto, existem notícias de irregularidades na votação e o comparecimento parece não ter sido muito elevado, apesar de não haverem dados oficiais.
Segundo Mohammad Hawaid, que trabalhou na campanha de um candidato em Cabul, a tinta aplicada nos dedos dos eleitores para evitar que a pessoa votasse mais de uma vez não estava funcionando. A tinta deveria permanecer por 72 horas na pele. "A tinta sai fácil do dedo. Isso é uma grande irregularidade", comentou. Em Jalalabad, observadores internacionais afirmaram que as pessoas que estavam trabalhando na eleição permitiram que eleitores votassem com registros falsos.
Para o representante civil da Otan, Mark Sedwill, já era esperado que houvesse fraude, mas isso não anula necessariamente o resultado da eleição. "A questão principal é o tamanho da fraude. Isso afeta a credibilidade da eleição, não para nós, mas para o povo afegão".
Segundo observadores internacionais, pelo menos 24 pessoas foram assassinadas em ataques relacionados à eleição nos dias que antecederam a votação, incluindo quatro candidatos. De acordo com a aliança militar, três rebeldes foram mortos e vários presos. Na véspera da eleição, o Taleban lançou uma ampla ofensiva contra funcionários eleitorais e candidatos, sequestrando cerca de 30 pessoas. Só na Província de Badghis, no norte do país, oito funcionários e dez cabos eleitorais foram capturados na sexta-feira, após caírem em uma emboscada. No leste do país, rebeldes sequestraram o candidato Mollawi Hayatullah Purqani. O automóvel do político foi parado por insurgentes na província de Laghman e outras dez pessoas que também estariam com o candidato teriam sido levadas.
Ainda assim, o nível de violência nas eleições deste ano parece ter sido menor do que em 2009, quando mais de 30 civis foram assassinados no dia da votação e uma dezena de soldados afegãos morreram.
As urnas foram oficialmente fechadas às 16 horas (horário local) mas em áreas de Cabul onde o comparecimento foi grande alguns locais de votação foram fechados mais cedo, por causa da falta de cédulas. Os primeiros resultados parciais devem ser divulgados dentro de alguns dias. Os resultados finais só devem sair no fim de outubro.
No distrito de Zhari, onde nasceu o movimento radical islâmico do líder taleban mulá Mohammed Omar, 16 anos atrás, os eleitores fizeram fila para votar. Centenas de soldados do Afeganistão e de tropas internacionais protegeram o local. "As pessoas estão cansadas dos talebans, é por isso que cada vez mais e mais gente está vindo votar", disse o empresário Saleh Naeem.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano