Cabul - No dia em que a apuração da eleição afegã deu pela primeira vez ao presidente Hamid Karzai mais da metade dos votos o que o reelegeria em primeiro turno , a Comissão Eleitoral de Apelações ordenou recontagem parcial devido a "claros indícios de fraude".
Karzai tem 54,1% dos votos conquistados no pleito de 20 de agosto, com 91,6% das urnas contabilizadas. O principal concorrente do presidente, o ex-chanceler Abdullah Abdullah, tem 28,3%.
Dando vazão a críticas e às mais de 720 reclamações formais, a CEA formada por três representantes internacionais e dois afegãos e apoiada pela ONU pela primeira vez pôs em dúvida a lisura da eleição.
Em comunicado, a comissão ordenou que a CEI reconte todas as sessões com mais de 95% dos votos a um mesmo candidato ou 100% ou mais de comparecimento. Embora não tenha especificado os locais das recontagens, acredita-se que a maior parte das sessões sob suspeita estejam na região sul, majoritariamente pró-Karzai.
A recontagem ordenada pelo órgão de apelações demorará de 2 a 3 meses, e a indefinição e o vácuo de autoridade dela decorrente podem comprometer os esforços da missão internacional liderada pelos EUA para estancar o recrudescimento recente da violência no país.
Terrorismo
O ano de 2009 já é o mais letal para as tropas estrangeiras mais de 100 mil homens, dos quais 68 mil americanos desde o início da guerra, em 2001, quando o Taleban foi desalojado do poder pela ação militar.
O resultado e sobretudo a legitimidade ante a população da eleição é ainda crucial para os planos do governo Barack Obama, que fez do país o foco do combate ao terrorismo e deve apresentar em breve uma nova estratégia para o conflito no país asiático além de já ter ordenado o aumento de tropas desde o início do ano.
Entre as irregularidades encontradas durante apuração da eleição estão urnas provenientes de mais de 800 sessões eleitorais falsas e sessões com mais votos do que presença, além da obstrução de votações por grupos pró-Karzai.