O principal líder do budismo tibetano, Dalai Lama, teve que cancelar uma viagem que realizaria em outubro à África do Sul, onde acompanharia a cerimônia anual dos prêmios Nobel da Paz, a ser realizada na Cidade do Cabo, após ter sua solicitação de visto negada pelo governo sul-africano, informou nesta quinta-feira (4) o jornal Cape Times.
Trata-se da terceira visita à África do Sul em cinco anos que o líder tibetano teve que cancelar devido à recusa da emissão do visto por parte do governo sul-africano, que mantém uma estreita relação com a China.
"Por enquanto, o Dalai Lama decidiu cancelar sua viagem à África do Sul", relatou ao jornal citado Nangsa Choedon, representante de Dalai Lama no país africano.
Segundo Nangsa, representantes do Ministério das Relações Exteriores sul-africano informaram na última semana que não concederiam visto ao Nobel da Paz de 1989, embora ele ainda não tenha recebido uma confirmação oficial sobre essa decisão.
Questionado sobre a recusa do visto ao líder religioso, o porta-voz do Ministério de Interior da África do Sul, Mayihlome Tshwete, disse que esse tipo de documentação era de responsabilidade de outro departamento governamental.
Este novo incidente diplomático ocorre em paralelo à visita da ministra sul-africana das Relações Internacionais, Maite Nkoana-Mashabane, à China, que acusa o líder budista de defender a independência do Tibete, região do Himalaia e antigo protetorado chinês governado por Pequim desde 1950.
Porta-vozes do ex-presidente Frederik de Klerk e do arcebispo emérito da Cidade do Cabo Desmond Tutu - ambos prêmios Nobel da Paz sul-africanos que deveriam comparecer à cerimônia - anunciaram um protesto e asseguraram que outros convidados deverão ficar de fora em um gesto de apoio a Dalai Lama.
O governo chinês pressionou vários países para restringir as viagens de Dalai Lama, que vive exilado na Índia desde 1959 e é um símbolo mundial da luta contra o regime chinês.
A China é a maior parceira comercial da África do Sul, que, assim com o gigante asiático, integra o grupo das primeiras economias emergentes, os chamados "Brics": Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A 14ª edição da Conferência Mundial de Prêmios Nobel da Paz será realizada entre os dias 13 e 15 de outubro na Cidade do Cabo.
O último presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, o sindicalista e ex-presidente polonês Lech Walesa, o pioneiro dos microcréditos Muhammad Yunus e o defensor dos direitos humanos iraniano Shirin Ebadi são alguns dos laureados que já possuem presença confirmada.
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