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Território

África virou um personagem na obra e na vida de Ernest Hemingway em 1933

O escritor Ernest Hemigway, armado e com um cão de caça, em ação na África: primeiro safári durou dez semanas | Coleção Ernest Hemingway/Biblioteca e Museu Presidencial John F. Kennedy
O escritor Ernest Hemigway, armado e com um cão de caça, em ação na África: primeiro safári durou dez semanas (Foto: Coleção Ernest Hemingway/Biblioteca e Museu Presidencial John F. Kennedy)
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Ernest e Mary Hemingway durante safári nos anos 1950 |

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Ernest e Mary Hemingway durante safári nos anos 1950

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Setenta anos atrás, o escritor Ernest Hemingway (1899-1961) viajou pela primeira vez para o continente africano. Duas décadas mais tarde, faria uma segunda viagem. Nas temporadas que passou na África, ele sobreviveu a doenças e a dois acidentes de avião, um deles não o matou por muito pouco. Ainda assim, o autor de O Velho e o Mar deixou por escrito: "Não me lembro de ter tido uma manhã na África em que não acordasse feliz".

Após ter sofrido ferimentos na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e contraído dois casamentos – o primeiro com Hadley Richardson e o segundo com Pauline Pfeiffer –, depois de viver anos na França e na Espanha, Hemingway tinha 34 anos quando conheceu a África e uma disposição enorme para aventuras.

Naquela época, 1933, já era um escritor de fama internacional graças aos romances O Sol Também Se Levanta e Adeus às Armas. E ele decidiu ir para o território africano pelo possibilidade de entrar em contato com um ambiente selvagem que mais tarde inspiraria obras famosas.

Acompanhado da segunda mulher, Pauline, o romancista norte-americano (que era também contista e jornalista) embarcou em um navio em 22 de novembro de 1933 em Marselha, na França, com destino à cidade litorânea de Mombaça, no Quênia, onde chegou 17 dias mais tarde.

Foi o começo de um safári que durou dez semanas e deu a Hemingway a chance de palmilhar as savanas do Quênia e de Tanganica – parte da atual Tanzânia –, onde explorou o seu interesse pela caça.

O guia no safári foi o britânico Phil Percival, o "caçador branco" mais popular da época. As fotos da expedição de 1933-1934 mostram um Hemingway jovem e sorridente com uma escopeta nas mãos, posando ora ao lado de um elefante abatido, ora mostrando os chifres de algum animal exibidos como troféu.

Houve várias di­­fi­­culdades na viagem e Hemingway sofreu uma inflamação intestinal nos arredores do Kilimanjaro, o monte mais alto da África, imprevisto que o forçou a pegar um voo direto para Nairóbi e se hospedar no New Stanley, então o primeiro hotel de luxo da cidade.

"Em seu tempo livre, Hemingway adorava se sentar no restaurante [do hotel] e contemplar a vida passando", disse Caleb Chirchir, porta-voz do hoje Hotel Sarova Stanley. Chirchir diz que o hotel tem uma sala de conferências batizada em homenagem ao escritor, que venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1954.

Avião explodiu na decolagem em Entebbe

Em 1953, a família Hemingway chegou ao Quênia em plena rebelião contra o regime colonial britânico, mas esse levante não abalou o segundo safári de Ernest, que sobreviveu a nada menos que dois acidentes aéreos consecutivos.

O primeiro acidente ocorreu em 23 de janeiro de 1954, em um voo turístico – presente de natal para a mulher Mary Welsh – de Nairóbi ao Congo. O aviãozinho caiu nas Cataratas Murchison, em Uganda, mas o casal escapou quase ileso.

Antes mesmo de se recompor do susto, os dois tomaram outro avião no dia seguinte a fim de chegar à cidade ugandense de Entebbe para receber atendimento médico, mas a aeronave sofreu uma explosão em plena decolagem.

Desta vez, Hemingway e Mary se salvaram por milagre. O escritor sofreu uma fratura craniana, múltiplos ferimentos internos e queimaduras.

Em 25 de janeiro, de carro, finalmente chegaram a Entebbe, onde eram esperados por uma legião de jornalistas que dias antes os davam como mortos e que chegaram a publicar os obituários.

"Por sorte, estou muito bem", disse Hemingway sarcasticamente aos repórteres, carregando uma garrafa de gim e um cacho de bananas, informou então a agência de notícias United Press.

A segunda e conturbada aventura africana de Hemingway terminou em março de 1954 e inspirou uma obra autobiográfica póstuma, Verdade ao Amanhecer, publicado no Brasil em 2000.

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