De acordo com matéria publicada na edição desta terça-feira do jornal O Globo, com informações do Independent, o governo de Malta teria se negado a acolher um barco pesqueiro espanhol que resgatou, no meio do Mar Mediterrâneo, 26 emigrantes africanos que pretendiam chegar à Europa. Eles ficaram mais de um dia presos em uma rede de atum da embarcação até serem embarcados pela tripulação. Segundo relatos, o barco, que tem capacidade para seis pessoas, está com 32, excesso de peso, pouca comida e terá dificuldades para chegar a outro porto da Europa. Malta alega que os africanos foram resgatados em águas internacionais, mas a tripulação diz que os imigrantes foram levados a bordo já em mar territorial maltês.

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Os africanos, a maior parte da Costa do Marfim, saíram do continente africano pelo litoral da Líbia num pequeno barco que naufragou no meio do Mediterrâneo. Eles foram encontrados pelo barco pesqueiro espanhol Monte Falcón, que levava um carregamento de atum para Malta. Segundo versões da tripulação, como a embarcação tinha apenas capacidade para os seis tripulantes, os náufragos não foram imediatamente resgatados e tiveram que ficar presos a uma rede de atum no mar por mais de um dia.

— Eles não tinham como prestar o devido socorro. Além do mais, sabiam que teriam dificuldades em atracar. No entanto, as condições do mar pioraram e eles resolveram puxar todos para dentro — disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Espanha.

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Ao saber que o barco levava imigrantes africanos, o governo de Malta recusou imediatamente dar permissão para que atracasse. Líbia e Itália, outros dois países próximos, também negaram permissão para a entrada em seus mares territoriais.

— A atitude desses países viola os tratados internacionais, pois os africanos não são mais emigrantes e sim náufragos, que precisam de auxílio. Além disso, a situação da embarcação é complicada, falta comida e eles estão com excesso de peso para fazerem uma longa viagem — disse a fonte da Chancelaria espanhola, que negou que a Espanha possa processar os tripulantes por terem deixado os africanos numa rede de atum por mais de um dia. — Eles temiam pela própria vida, não podem ser responsabilizados.

Até a noite desta segunda-feira, o barco permanecia parado a cem milhas da costa de Malta. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) está em negociação com o governo espanhol para o retorno do barco e a entrada dos imigrantes no país. Caso Madri aceite, a ONU deve enviar uma outra embarcação para resgatar os estrangeiros.