A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados acusou a Itália na terça-feira de maltratar migrantes africanos que foram impedidos de chegar à Europa pelo mar e foram conduzidos para a Líbia.
Funcionários da Acnur que entrevistaram 82 migrantes interceptados em mar aberto em 1º de julho e enviados a campos de detenção na Líbia avaliaram que "um número significativo desse grupo necessita de proteção internacional".
Seguindo leis italianas em vigor desde maio, ao menos 900 migrantes que tentavam chegar à Itália pelo mar foram enviados a outros países, principalmente para a Líbia, de acordo com o escritório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
A agência com sede em Genebra diversas vezes mostrou-se preocupada com as novas regras de deportação da Itália que, segundo ela, podem limitar acesso ao asilo e ferem a lei internacional.
A Marinha italiana não buscou saber as nacionalidades dos migrantes, em sua maior parte da Eritreia, nem os motivos que os levaram a deixar a terra natal, disse a Acnur.
"Durante as entrevistas, a Acnur ouviu relatos perturbadores com acusações de que os funcionários italianos usaram a força durante a transferência para a embarcação Líbia", disse o porta-voz Ron Redmond a jornalistas. Segundo ele, seis eritreias precisaram de cuidados médicos após a operação.
A Itália classificou as acusações como falsas. O governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que tem combatido a imigração ilegal desde que assumiu o poder no ano passado, insiste que a Itália não fere a lei internacional com a nova política de deportação.
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