Nada menos do que a suspensão completa do bloqueio de Israel imposto a Gaza permitirá que o território seja reconstruído, defendeu a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelos refugiados palestinos na segunda-feira, um dia depois de Israel anunciar o abrandamento do bloqueio.
Israel, que fechou o território na costa para evitar que seus inimigos do Hamas se armem, está sob pressão internacional para suspender o bloqueio depois que suas forças mataram nove pessoas durante uma operação numa flotilha de ajuda humanitária em 31 de maio.
De acordo com as regras anteriores do bloqueio, qualquer item que não tivesse autorização explícita era proibido. Israel afirma que agora permitirá a entrada de itens em Gaza, à excessão daqueles que estiverem na lista dos produtos proibidos, incluindo armas e materiais que podem ser usados na fabricação delas.
No entanto, críticos afirmam que as novas regras ainda dificultarão a importação de materiais de construção no território, devastado pela guerra em 2008 e 2009.
"Necessitamos a suspensão total do bloqueio," afirmou o porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Christopher Gunness. Ele falou à Reuters nos bastidores de uma conferência no Cairo.
"A estratégia israelense é fazer a comunidade internacional falar sobre um saco de cimento aqui, um projeto ali. Precisamos de acesso irrestrito em todos os postos de fronteira."
Doadores internacionais numa conferência no Egito prometeram 2,8 bilhões de dólares para a reconstrução de Gaza depois da guerra, mas o bloqueio tem dificultado a entrada de material de construção.
Gunness disse não estar confiante de que o novo sistema israelense resolveria as dificuldades enfrentadas pela UNRWA.
"A lista de produtos sob restrição é um alvo em movimento. Nunca nos dizem isso é proibido e aquilo é proibido," afirmou ele. "O bloqueio de Israel virou um bloqueio contra a ONU."