Ouça este conteúdo
A presidente da agência de notícias Efe, Gabriela Cañas, lamentou nesta quarta-feira que o governo de Cuba esteja "expulsando" a agência espanhola do país, com a retirada das credenciais de seus jornalistas em Havana e afirmou que a empresa começou a estudar como manter presença no país caribenho.
Cañas fez as declarações durante participação no Fórum Nueva Economía, em Madri. Ela destacou que "quase 50% das notícias" publicadas na América Latina sobre Cuba são procedentes da Efe, que está no país há quase cinco décadas, e argumentou que "talvez essa repercussão" não agrade ao regime cubano.
"Estão nos expulsando de Cuba. Não podemos atualmente, com apenas dois jornalistas, manter os padrões de qualidade que a Agência Efe oferecia até o momento no país. É muito triste", declarou. Por isso, Cañas advertiu que a empresa está analisando possibilidades.
"Estamos começando a considerar nossa permanência na ilha. Não podemos exercer o jornalismo livremente", ressaltou a presidente da Efe, além de acrescentar que a agência não tem qualquer interesse em deixar Cuba, mas talvez seja necessário "informar a partir de fora".
Cañas assegurou que "infelizmente" a situação com o regime cubano não foi resolvida, apesar do apoio diplomático do Poder Executivo espanhol. Enquanto em meados de 2021 havia sete jornalistas da agência trabalhando em Havana, agora apenas dois - uma redatora e um cinegrafista - contam com credenciais de imprensa.
As complicações para a agência tiveram início quando a ditadura cubana começou a adiar, sem explicações, a concessão de um visto de imprensa para o novo representante da Efe, que foi nomeado em julho do ano passado, mas ainda não conseguiu entrar no país.
Além disso, conforme acrescentou Cañas, o Centro de Imprensa Internacional retirou em novembro as credenciais de todos os profissionais da Efe em Cuba.
"Ficamos sem testemunhas na ilha", frisou.
A entidade cubana devolveu duas credenciais horas depois, mas desde então a situação estagnou. Havana garantiu que devolveria as licenças "de boa vontade", como a Efe publicou em novembro, mas até agora isso não aconteceu.
"Já pedimos mil vezes que nos deixem trabalhar lá", afirmou Cañas.