O próximo relatório da agência de energia atômica da ONU sobre o Irã trará os indícios mais claros até agora de que o país já reúne os principais elementos necessários para o desenvolvimento de armas nucleares. É o que indica profusão de relatos de diplomatas ocidentais surgida na imprensa dos Estados Unidos e do Reino Unido, às vésperas da entrega do dossiê ao conselho de diretores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ontem.
As previsões aumentaram a expectativa e as tensões, em meio à nova onda de especulações sobre um possível ataque de Israel às instalações nucleares do Irã.
Segundo o jornal Washington Post, informações fornecidas pelos Estados Unidos "mostram que o governo do Irã domina os passos cruciais para construir uma arma nuclear, tendo recebido ajuda de cientistas estrangeiros".
O New York Times diz que o relatório não será conclusivo, mas apontará "possíveis dimensões militares" nas atividades nucleares do Irã.
Para os países que defendem mais pressão sobre o Irã, é prova suficiente de que o programa nuclear iraniano não tem apenas fins pacíficos, como afirma o governo.
A começar por Israel. "Temos a lanterna, a carroceria, as rodas e o volante, só falta chamar de carro", disse um diplomata israelense, que pediu sigilo de seu nome.
O governo norte-americano também espera que o relatório dê mais argumentos para aumentar a pressão.
"Esperamos que ele ecoe e reforce o que nós temos dito sobre o comportamento do Irã e seu fracasso em cumprir suas obrigações internacionais", disse Jay Carney, porta-voz da Casa Branca.
"Fabricação"
O presidente Mahmoud Ahmadinejad acusou a agência de ser um instrumento da propaganda norte-americana e israelense para justificar um ataque às instalações nucleares de seu país. Como de hábito, pregou o fim de Israel. Em entrevista a um jornal egípcio, Ahmadinejad chamou o Estado judeu de "fígado transplantado que o corpo rejeitou".
Os rumores de que Israel estaria estudando a possibilidade de um ataque continuaram causando preocupação. Depois de França e Alemanha, a Rússia advertiu ontem os israelenses que não sigam o plano adiante. "Isso poderia levar a consequências incalculáveis", disse o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.