A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) sinalizou na segunda-feira a intenção de usar com mais frequência os seus poderes para fazer "inspeções especiais", algo que os Estados Unidos sugerem que pode ser invocado no caso da Síria.
A última vez que a AIEA recorreu às inspeções especiais foi em 1993, na Coreia do Norte, que mesmo assim restringiu o acesso e, posteriormente, desenvolveu secretamente armas nucleares.
"É uma ferramenta normal que deveríamos usar mais frequentemente", disse em entrevista coletiva Herman Nackaerts, subdiretor-geral da AIEA encarregado de inspeções.
Segundo ele, a AIEA quer buscar formas de "reduzir o limite" a partir do qual essas missões seriam acionadas, mas não quis comentar sobre casos específicos que estejam sendo investigados.
Mas o embaixador dos EUA junto à agência havia dito meses atrás que "vários países" começam a se perguntar se não seria a hora de evocar as inspeções especiais no caso da Síria.
Já faz mais de dois anos que a AIEA foi autorizada pela última vez a visitar o terreno onde ficava uma provável instalação nuclear no deserto sírio, que foi destruída por um bombardeio israelense em 2007.
Relatórios de inteligência dos EUA diziam que se tratava de um reator com projeto norte-coreano, voltado para a produção de combustível para bombas atômicas. Damasco nega que tenha tido um programa de armas nucleares.
Dificilmente a Síria aceitaria as inspeções especiais com pouco aviso prévio, e diplomatas e analistas acham que a AIEA não vai querer elevar o tom da disputa enquanto estiver às voltas com a investigação a respeito do programa nuclear do Irã, país aliado da Síria.
Se a Síria rejeitar a inspeção especial, o conselho da AIEA pode remeter o caso ao Conselho de Segurança da ONU, como ocorreu no caso do Irã há quatro anos.
Em setembro, um relatório da AIEA dizia que a recusa síria em permitir inspeções na instalação, conhecida como Dair Alzour, estava ameaçando a coleta de pistas na investigação.
O caso da Síria tem ficado em segundo plano diante das suspeitas ocidentais de que o Irã tenta desenvolver secretamente armas nucleares. Uma diferença importante entre os dois casos, segundo diplomatas, é que o programa nuclear iraniano continua ativo, enquanto o da Síria foi destruído. Teerã nega a intenção de desenvolver um arsenal nuclear.
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