Agentes federais de segurança aérea mataram a tiros um passageiro de um avião da American Airlines que fazia escala em Miami, depois que ele ameaçou explodir uma bomba. O homem disse que levava explosivos na bagagem de mão e chegou a escapar da aeronave. Ele foi identificado como Rigoberto Alpizar, de 44 anos, cidadão americano.
Esta foi a primeira vez que um agente federal destacado para garantir a segurança nos vôos americanos após o 11 de Setembro disparou contra um passageiro. As autoridades, porém, disseram que não há qualquer indício de que o incidente tenha associação com terrorismo. O mais provável é que o passageiro sofresse de algum tipo de distúrbio psicológico.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA disse que o agente tomou a decisão mais correta ao disparar, após advertências - mesmo constatando-se, depois, que não havia explosivos em jogo. Depois do episódio, a bagagem de todos os passageiros foi retirada do avião e sujeita a cães farejadores. Algumas bolsas suspeitas passaram por detonações controladas, mas não havia sinal de bomba a bordo, nem na bagagem de mão do suspeito.
- Não havia explosivos envolvidos, não de que tenhamos conhecimento pelo menos nesse avião - disse o agente especial James Bouer, encarregado do escritório dos agentes aéreos federais em Miami.
NO PASSADIÇO
O vôo 924 da American Airlines procedia de Medellín, na Colômbia, e estava prestes a decolar para Orlando, com 133 passageiros a bordo, quando o incidente ocorreu. Rigoberto Alpizar chegara a Miami num vôo 932 da mesma companhia, procedente de Quito, no Equador, e embarcara no avião que iria para Orlando.
A bordo, segundo uma testemunha, ele andava de um lado para outro na aeronave, enquanto uma mulher, aparentemente esposa dele, tentava acalmá-lo e dizia aos passageiros que Alpizar sofria de transtorno bipolar.
- O marido dela corria pelo corredor freneticamente. Ela corria atrás dele e, de repente, houve quatro a cinco tiros - narrou a passageira Mary Gardner à NBC.
Os tiros não foram dados dentro do avião, mas no finger (passagem suspensa instalada entre a aeronave e o aeroporto). Quando o passageiro tentou fugir, os agentes ordenaram que parasse, se deitasse no chão e mantivesse as mãos em posição visível. Os disparos ocorreram quando o passageiro fez menção de mexer na bolsa que levava, em lugar de atender às advertências de afastar as mãos da bagagem.
ARMADOS E PODEROSOS
Os agentes federais de segurança aérea dos EUA viajam armados em vôos comerciais, com permissão para disparar. Os poderes e o contingente desses agentes aumentaram depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, quando aviões comerciais de passageiros foram usados como mísseis contra Nova York e Washington.
Segundo a CNN, antes do 11 de Setembro, os EUA dispunham de apenas 31 desses agentes. Atualmente, há cerca de 3.400.
O incidente ocorre num período em que está em discussão o relaxamento de algumas regras de segurança em vôos adotadas por causa dos atentados. Pequenas tesouras e chaves de fenda serão permitidas novamente a bordo, enquanto a ênfase da vigilência se volta para bombas.