Autoridades fiscais argentinas inspecionaram os escritórios do maior jornal do país nesta quinta-feira, aumentando as tensões entre o governo e um dos maiores grupos midiáticos da América Latina.
Mais de 150 fiscais fizeram as buscas em Buenos Aires no escritório do jornal El Clarín, de propriedade do Grupo Clarín.
As buscas ocorrem em meio às tentativas da presidente argentina, Cristina Kirchner, de aprovar uma nova proposta de reforma da radiodifusão no país. Analistas dizem que isso enfraquecerá a posição do Grupo Clarín como empresa de mídia dominante na Argentina.
O ex-presidente argentino e marido de Cristina, Néstor Kirchner, fez críticas públicas à cobertura feita pelo Clarín do governo, classificando-a de tendenciosa, e descreveu o grupo como um "monopólio".
O jornal respondeu com uma intensa cobertura negativa da proposta de reforma.
O Grupo Clarín possui jornais, emissoras de rádio e televisão, assim como empresas de Internet e cabo. As ações da empresa caíram 1,6 por cento nesta quinta-feira na Bolsa de Valores de Buenos Aires, enquanto emissoras locais cobriam a ação fiscal.
Um porta-voz da agência fiscal Afip disse que as buscas destinavam-se a examinar os balanços da companhia e eram similares a inspeções realizadas em outras empresas.
Mas o porta-voz do Grupo Clarín, Martin Etchevers, questionou a ação e disse que a empresa havia sido selecionada.
"Este tipo de inspeção nunca ocorreu na história do Clarín", disse a um canal de televisão local.
Na semana passada, o diretor do órgão regulador de radiodifusão argentino disse ter vetado a fusão das duas operadoras de TV a cabo do país, controladas pelo Grupo Clarín, uma decisão criticada por representantes da empresa.
Deputados argentinos debatem a proposta de reforma apresentada pela presidente do país, que alteraria as regras da radiodifusão criadas durante a ditadura militar entre 1976-83.
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